Páginas

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Flipinha versus Flip




A Flipinha não teve importância para a mídia. Não encontrei vídeo disponível para o evento. Tudo o que se refere à literatura infanto-juvenil tem um longo caminho a percorrer. Ângela Lago e Walcyr Carrasco não compareceram..Registro aqui o meu protesto e pedido de pelo menos um dia de participação na Tenda de Autores para convidados nacionais e internacionais do gênero. Para não falarem que estou cometendo uma injustiça com O GLOBO, o único escritor que mereceu uma entrevista na Edição Especial Flip, distribuída gratuitamente em todos os dias do evento, foi Luiz Antônio Aguiar que lançava seu livro Almanaque Machado de Assis e anunciava, para a semana seguinte, Recontando Machado, ambos pela Record.Todos os escritores com os quais conversei elogiaram a recepção dos organizadores do evento. A Flipinha, mesmo com mínima parcela de autores convidados, foi um sucesso, principalmente pela presença maciça de professores, alunos, artistas e comunidade. Faz parte do Programa Cirandas de Paraty, desenvolvido pela Associação Casa Azul, e tinha o desafio de realizar um festival literário com o tema A Memória dos Paratienses e homenagear o centenário da morte de Machado de Assis. A exposição de trabalhos realizados pelas escolas na Tenda, a decoração de bonecos e a famosa árvore de livros com contadores de histórias na Praça da Matriz estavam uma beleza e, por si só, já eram um espetáculo de ser visto e elogiado por todos. Tarefa cumprida.
Além do amigo Hermes Bernardi Jr., reencontrei Ilan Brenman, Ana Cláudia Ramos, André Neves, Rogério Andrade Barbosa e Guto Lins, Consegui autografar Dirceu e Marília do Nelson Cruz e tive a grata satisfação de acompanhar a performance do escritor e contador de histórias Francisco Marques, o Chico dos Bonecos. Também assisti às palestras de Luciana Sandroni, Bia Hetzel, Elisa Lucinda, Luiz Antônio Aguiar, Isabel Lustosa, e ainda dos ilustradores Odilon Moraes, Spacca e Marilda Castanha, além de testemunhar a emoção de Eva Furnari ao receber um painel de uma escola. No encerramento, todos falaram sobre o seu livro de Machado.
Passava o dia correndo de um lado para o outro para tentar acompanhar a Flip. Só dei uma passadinha no Espaço JB e não houve tempo para a Casa de Cultura, também com programação variada, apenas fotografei o painel com o casal de indígenas.
Dizem que a madrugada estava imperdível, mas depois do jantar, voltava esgotada. Nunca vi tanta gente famosa junta num só lugar passeando pelas ruas. A bela Maitê Proença de havaianas pela manhã e elegantemente vestida à noite. Tudo isso porque automóveis não circulam pelo Centro Histórico. Todos bem à vontade na grande festa. Só não vi o príncipe D. Joãozinho! O mais curioso é que havia fotografado um belo sobrado na Rua Fresca. Somente depois descobri que pertencera à família real e que ele mora lá. Oriente-se, menina, Cinderela só em Contos de Fada! Não houve “baile”, mas um almoço para os “grandes” escritores. Lamentável não ter prestigiado os autores da Flipinha. Acho que foi porque o “palácio” não comportava!
Já deu para perceber que me dividi em mil!

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Roberto Schwarz




A conferência dedicada ao homenageado da Flip, Machado de Assis, foi proferida pelo crítico literário Roberto Schwarz, o mais destacado intérprete da obra machadiana, autor de Um Mestre na Periferia do Capitalismo. Falou sobre Dom Casmurro, por ele considerado ”o romance possivelmente mais refinado e composto da literatura brasileira”, pois "Machado teria conseguido iludir o leitor por ser capaz de construir personagens que compartilham seus preconceitos – e Bentinho é um dos exemplos mais bem-acabados desse tipo de conduta".
Peguei o bonde andando e assisti a quase tudo do telão, porque ainda não estava com minha credencial, mas deu para conferir o brilhantismo de Schwarz, acompanhar suas idéias e decidir, assim que dispuser de tempo livre, reler a obra do meu escritor favorito. Além de Dom Casmurro, sou aficionada por Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Esaú e Jacó e pelos contos O Alienista e Missa do Galo, tema da minha monografia feita à mão em l983.
Assistam a alguns trechos da conferência no YouTube.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Luiz Melodia na Flip




E por falar em festa...

Luiz Melodia estava demais. Cantou muitos sambas do CD Estação Melodia e seus clássicos Pérola Negra e Estácio, Holly Estácio. Só não "matou-me de amor"!
E Fadas? Uma viagem de ilusões.

Cantei, dancei e tirei umas fotos. Esta cabeça aí está em todas!

Neste momento, interpretava Codinome Beija-Flor, de Cazuza, uma das minhas preferidas.
Vejam, cantem e dancem comigo o samba A Voz do Morro, de Zé Keti, o único vídeo do show de Melodia na Flip que achei no YouTube.

A Voz do Morro
Luiz Melodia

Composição: Zé Keti

Eu sou o samba
A voz do morro sou eu mesmo sim senhor
Quero mostrar ao mundo que tenho valor
Eu sou o rei do terreiro

Eu sou o samba
Sou natural daqui do Rio de Janeiro
Sou eu quem levo a alegria
Para milhões de corações brasileiros

Salve o samba, queremos samba
Quem está pedindo é a voz do povo de um país
Salve o samba, queremos samba
Essa melodia de um Brasil feliz
Saí antes de ouvir Magrelinha. Precisava "renovar o brilho do meu sorriso".
Para saber mais sobre Luiz Melodia, clique aqui, no site da Revista Música Brasileira.

domingo, 20 de julho de 2008

Flip e Flipinha


      Começo pelo presente especial recebido de um escritor muito especial: a credencial de convidada especial da Flip 2008. Fiquei tão admirada com este carinho  que não sabia como agradecer e retribuir. A gente vive uma vida inteira esperando algo semelhante de pessoas com as quais convivemos e tudo acontece de onde sequer imaginamos. Neste dia do amigo, meu agradecimento público ao Hermes Bernard Jr.

     Estava mais interessada na Flipinha porque tem mais relação com o meu trabalho de professora de Ensino Fundamental e de Sala de Leitura. Montei minha agenda de forma que pudesse assistir às mesas da Flip que me atraíam pelos temas, mesmo porque não conhecia a maioria dos escritores, nem tinha lido seus livros. 


     Durante o Fórum das Letras em Ouro Preto, me senti a pior das leitoras, mas respirei aliviada, após a palestra do psicanalista e professor de literatura da Universidade de Paris Pierre Bayard, autor de Como falar dos livros que não lemos, aliás, a última a que assisti. A maioria não tinha lido os livros dos autores convidados, exceto os mediadores. É um assunto delicado e nem todos têm a coragem do palestrante. Bem-humorado, disse que “ninguém deve se envergonhar de não ter lido uma obra ou deixar de falar dela por isso” e que “muita gente tem feridas culturais abertas na infância pela falta de certas leituras”. Como eu, ele tem péssima memória e, como é impossível a idéia de alguém ter lido todos os livros, criou várias classificações para as muitas gradações que há entre ler um livro do começo ao fim e nem tomar conhecimento de que ele existe: os livros que desconhecemos, os folheados, os de que ouvimos falar e os que esquecemos. Confessou aos alunos que não conseguiu dar conta de Ulisses, de James Joyce, porque “livros são um encontro muito pessoal, cada um sabe o melhor momento de apreciá-los”. Eu não consegui ler Orlando, de Virginia Woolf, o livro me espera há vinte e cinco anos na estante. Não fui assistir à peça com a Fernanda Torres, nem assisti ao filme gravado em fita. Tinha  mania de querer ler antes de ver. Mudei para não perder aquilo que o tempo não pode recuperar. Para escrever o livro, Bayard fez algumas leituras, mas “a que melhor sintetiza a obra é o personagem bibliotecário de O homem sem qualidades, de Robert Musil. Ele tem diante de si uma infinidade de livros e encontra uma maneira de se orientar por eles. O importante não é conhecer todos os livros, mas saber sua importância para a cultura”. O crítico cultural e escritor Marcelo Coelho foi brilhante e irônico em suas perguntas e ao expor suas idéias, mas aquela manhã era de Bayard. Clique capa, um, dois, três, quatro, cinco e seis para ler o prólogo do livro distribuído na ocasião.

  Desta vez não fiz anotações, limitei-me a participar da grande festa, observar o grande palco e ouvir o tilintar da moeda forte. 
     Veja a cobertura da Oi aqui.




sábado, 19 de julho de 2008

Primeiras Histórias, o filme

Descobri este filme, bem diferente do anterior, no site do Hermes Bernard Jr.. É para a criançada e adultos que, como eu, continuam a sonhar com histórias infantis. Com direção de Helvécio Raton, de Batismo de Sangue e Menino Maluquinho, e grande elenco, Marieta Severo, Patrícia Pillar, Paulo José, entre outros, apresenta histórias brasileiras contadas por uma senhora na varanda de uma fazenda: o casamento do pescador com a sereia, as aventuras de Zé Burraldo, sujeito ingênuo que sempre se deixa levar pela conversa dos outros, inspirado no conto de Ricardo Azevedo, e muito mais. Acesse o site aqui, produzido por Guto Lins e Adriana Lins , para saber mais.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Livro, Blog e Filme




Nome Próprio é o título do novo filme de Murilo Salles que estréia amanhã no Rio, em Sampa e outras capitais, com Leandra Leal "como vocês nunca viram", segundo o diretor de Nunca fomos tão felizes.
Recebi o e-mail abaixo, não exatamente do Murillo, de divulgação do filme e repassei porque achei o pedido interessante e criativo: O cinema da crueldade.
Pessoal, alô! Tudo bem? É AGORA OU NUNCA!Nessa próxima sexta feira dia 18 de Julho "Nome Próprio" entra em cartaz.São 4 anos de trabalhos intensos, numa batalha muito ralada por todos nós, uma equipe muito especial e apaixonada.. .O que é cruel é que na sexta-feira 18, no sábado 19 e no domingo dia 20 nosso destino será traçado. Ou cairemos no esquecimento ou poderemos afetar um grupo de gente bacana. Vai depender desse fim de semana!!! É bem assim, se as pessoas forem ao cinema e o filme cumprir a renda média do cinema ele continua em cartaz, dando tempo para o boca-a-boca trabalhar por ele. Se isso não acontecer, na famosa reunião de segunda dia 21, o filme será substituído por um outro. E, 4 anos de trabalhos intensos serão entregues ao esquecimento. É CRUEL MESMO. Estamos lançando o filme com a CARA E A CORAGEM, apostando que fizemos um trabalho de excelência, desafiador, intenso e delicado. ESCREVO ESSE E.MAIL para dizer que CONTO COM VOCÊS com a CAPACIDADE DE MOBILIZAÇÃO de nossa equipe, dos atores e de nossos amigos. Precisamos dizer as pessoas que amam CINEMA e que não são poucas, que ASSISTAM os filmes logo que entram em cartaz, pois é uma militância SIM pela sobrevivência de um cinema mais autoral, mais pessoal, mais digno. VAMOS AO CINEMA NO FIM DE SEMANA para garantir que o filme continue mais uma semana, para que o boca a boca pegue. Comuniquem ao amigos, usem suas redes de influências, disparem esse flyer pelos seus mailling lists, comentem sobre isso nas baladas DESSE FIM DE SEMANA (10/11/12). Vamos vencer a batalha contra o esquecimento, a mesmice! Contamos com todos vocês.
VALEU, Murilo Salles
É uma livre adaptação dos livros Máquina de pinball e Vida de Gato da escritora Clarah Averbuck, uma das primeiras escritoras a usar o blog brazileira!preta como ferramenta para publicação de seus textos. Desde 2006 criou o Adiós Lounge . A convite da Revista O GLOBO, tece reflexões sobre o preço da superexposição, entre outros assuntos que podem ser lidos na Revista O Globo de 13 de julho.

NOME PRÓPRIO

ESTRÉIA

Sexta-Feira dia 18 de JULHO


Avise aos amigos, convença os inimigos, esgote seus contatos porque o filme vale a pena! Temos que encher as salas de cinema no primeiro final de semana para não morrermos na praia!Em São Paulo

Espaço Unibanco - da Rua Augusta

Artplex Unibanco do Shopping Frei Caneca

No Rio de Janeiro

Artplex Unibanco - da Praia de Botafogo

Armazém Digital do Rio Design Center do LEBLON

domingo, 13 de julho de 2008

Paraty, outras histórias

ou veja aqui!

Ainda sobre as igrejas, soube que eram segmentadas pela cor da pele. A Igreja de Santa Rita era para os mulatos libertos, a de Nossa Senhora das Dores era para a elite branca, a Matriz de Nossa Senhora dos Remédios destinada aos trabalhadores e pescadores brancos e a de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, onde rezei para agradecer as bênçãos e graças de todos os dias, era para os negros. Como é a única que fica aberta para as missas, estava lá domingo pela manhã e pude observar que as etnias estavam presentes em comunhão fraterna.

Cheguei e já fui vendo a maré enchendo e tomando conta das ruas, fato comum nos primeiros dias de lua nova ou cheia. A cidade foi assim construída para que houvesse uma limpeza natural. Quando as marés são muito fortes e coincidem com as chuvas, os rios transbordam e as águas ocupam todo o Centro Histórico. As casas são construídas acima do nível da rua por causa das marés.

A antiga vila foi planejada seguindo os padrões portugueses onde as igrejas serviam de balizamento e pólo de atração residencial. As ruas não são retas. A leve curvatura era necessária para evitar que o vento encanado trouxesse doenças como a cólera e a febre amarela e invadisse as casas. As construções são quase todas da cor branca e não há números, algumas contêm ladrilhos com nome dos moradores: Casa de Dona Fulana.

Hospedei-me na Rua Dona Geralda, antiga Rua da Praia e do Mercado, num dos albergues da região, ao lado da Casa de Cultura. Cai por terra a idéia de que no Brasil não há o hábito de freqüentá-los porque havia uma minoria de estrangeiros. O proprietário é inglês e está há oito anos em Paraty, não fala português e nos observa com aquele olhar curioso e indecifrável.

Quis logo saber quem foi Dona Geralda e me contaram uma história de outra paratiense ilustre. Imagine se não pesquiso e ponho a história aqui! Dona Geralda Maria da Silva nasceu em 1807 e faleceu em 1890. Seus pais foram donos da Fazenda Bananal, deixando grande herança em terras, casas, escravos, dinheiro e títulos de dívida ativa. Sem nunca ter casado, dedicou boa parte de sua vida ajudando os necessitados. Foi com sua ajuda financeira que após 86 anos conseguiram finalizar a construção da Igreja Matriz. Em 1882 a Câmara Municipal decidiu homenageá-la colocando seu nome na rua onde morava, a qual modestamente recusou (sem ser atendida). Em 1864 o imperador D. Pedro II a nomeou com o título de Dona Honorária de Palácio pelos “distintos serviços prestados à religião”. Em seu inventário deixou grande parte de sua fortuna para as irmandades das igrejas, para a Santa Casa da Misericórdia, para familiares, amigos e escravos.

Fiquei circulando pela cidade sozinha, embora me encontrasse com a única amiga que foi acompanhada do marido, mas se hospedou em pousada fora do Centro Histórico. Quase fui assaltada quando voltava do show de Luiz Melodia. Saí antes de terminar porque era impossível entrar no banheiro químico às escuras. Era dia da final da Libertadores e as ruas estavam vazias. Ouvi passos, mas não olhei para trás. Enfiei a mão naquela bolsa enorme e rapidamente encontrei a chave. Como tenho o hábito de pensar em voz alta, quero dizer, falo sozinha mesmo, penso que aquele homem forte e negro achou que eu conversava com alguém do outro lado da porta, passou direto, sob o meu olhar, entrando na primeira esquina sem que me fitasse. Um minuto antes, havia colocado algo volumoso nas costas que poderia ser uma arma. Minhas orações diárias a Deus por proteção salvaram-me mais uma vez. Se eu já soubesse dos fantasmas que circulam pelas ruas, teria desmaiado, pensando que fosse um deles! Tenho medo mesmo é da maldade dos vivos, mas minha imaginação me prega muitas peças.

Achei interessante o nome da Rua do Fogo. Perguntei a uma moradora que falou sobre um incêndio. Continuei indagando, algo me dizia que a história não era bem esta, até que alguém sorriu marotamente e contou que era a rua dos prostíbulos para os marinheiros que aportavam. Como faz esquina com a igreja, acredito que a expiação se dava na partida.

Para encerrar, o encontro do rio Perequê-Açu com o mar, embarcações e a bela Baía de Paraty. Ah, preparada para defender a antiga vila dos piratas com o canhão nas mãos!






quinta-feira, 10 de julho de 2008

Paraty, primeiras histórias




Não poderia deixar de ir à FLIP em Paraty e, antes de começar a tecer comentários sobre as mesas assistidas e palestras da Flipinha, a falar dos “livros que não li”, numa referência ao livro do psicanalista e professor de literatura Pierre Bayard, autor de Como falar dos livros que não lemos, vou mostrar algumas imagens da bela cidade, citar algumas referências históricas e fazer o que mais gosto: contar as histórias que ouvi e vivi.
Enquanto procurava uma fonte para fotografar, perguntei a um jovem se queria ouvir uma história. Desconfiado, se aproximou. O que será que ele pensou? Ao terminar a lenda, ele disse que morava em Paraty desde os nove anos e nunca tinha ouvido falar dela e nem sabia onde ficava a tal fonte.

A noiva de Paraty

Contam que quando se viram, numa bela manhã de inverno, diante da festa da desova dos peixes parati, naquelas águas cristalinas da baía, entenderam que seus destinos estavam irremediavelmente cruzados. Só não imaginavam que fosse daquele jeito.
Resolveram se casar na Igreja de Santa Rita que testemunhara a doçura daquele amor. Marcaram o dia, mas ela não apareceu. Ele esperou, sentado numa pedra, a noiva que não viria. Ela havia morrido inexplicavelmente e, como era o costume da época, foi logo enterrada na mesma igreja. Passou a noite ali mesmo. O sal de suas lágrimas misturava-se ao das águas. Viu uma moça passar e desaparecer no mar. Ela dizia: “Estou com sede, com sede, com sede”.
Esperou o dia amanhecer e pediu desesperadamente que a desenterrassem. Não foi atendido e cavou aflito na esperança de encontrá-la viva. Foi então que ela surgiu com suas mãos voltadas para cima e muito feridas. Havia morrido de sede. Para saciá-la, construiu a fonte que fica ao lado da pedra, onde ele a vira passar e partir definitivamente.




Esta foi a história que ouvi, mas há uma outra versão porque quem conta um conto acrescenta, omite ou inventa um ponto. Certo é que quando cheguei lá, fui logo sentando naquela pedra para descansar. A fonte ou o chafariz estão aí ao lado. Como ainda não sabia da história e pela minha habitual distração, não percebi!


“Em meados do século XIX, um jovem casal apaixonado marcou casamento na igreja Santa Rita. Sem ninguém saber o porquê, a noiva morreu poucas horas antes de ir para o altar.
Dois dias depois, o noivo acorda desesperado, implorando para abrirem o caixão - enterrado na própria igreja - dizendo que a sua amada o estava chamando. Os amigos, achando que ele estava ficando louco, tentaram acalmá-lo, mas não abriram o caixão. Durante muito tempo, pessoas que passaram a noite no largo da igreja Santa Rita, dizem terem visto um fantasma vestido de noiva bebendo água no chafariz localizado em frente à igreja.
Muitos anos depois, quando foram retirar os restos mortais, perceberam que o esqueleto estava virado, significando que a noiva deve ter morrido de sede dentro do caixão. O padre da igreja, para evitar que o fantasma continuasse saindo para beber água, mandou fazer um poço dentro da igreja. O fantasma nunca mais foi visto fora da igreja. O chafariz do largo e o poço da igreja existem e estão no mesmo lugar até hoje.”
Outras lendas e mitos do lugar poderão ser lidos aqui.



Esta que vem caminhando não é a noiva de Paraty. É a Teresa, uma professora que conheci no ônibus. Ele não é o noivo. É um desconhecido que lia um livro e parou para nos observar. Também, fiz tanto barulho para fotografar! Aproveite para observar a maré enchendo e ocupando as ruas da cidade.


A igreja da Santa Rita, foi aberta ao público em 1722, tornando-se a mais antiga igreja de Paraty devido às demolições da Capela de São Roque, das antigas igrejas Matriz e da igreja de Nossa Senhora do Mamanguá. Numa construção anexa à igreja, está o cemitério da Irmandade, construído no século XIX. Existe nesse anexo um poço de água transparente que muitos acreditam ser milagrosa. Assim como todas as igrejas de Paraty, esta possui fachada voltada para o mar. Atualmente a Igreja da Santa Rita vem sendo utilizada para concertos, peças de teatro, exposições e conferências. Nos fundos da igreja está o Museu de Arte Sacra.

Não tive tempo para visitar o museu, o cemitério e verificar a água milagrosa do poço. Bem que gostaria. Não vejo a hora de voltar como turista!

Related Posts with Thumbnails