Começo pelo presente especial recebido de um escritor muito especial: a credencial de convidada especial da Flip 2008. Fiquei tão admirada com este carinho que não sabia como agradecer e retribuir. A gente vive uma vida inteira esperando algo semelhante de pessoas com as quais convivemos e tudo acontece de onde sequer imaginamos. Neste dia do amigo, meu agradecimento público ao Hermes Bernard Jr.
Estava mais interessada na Flipinha porque tem mais relação com o meu trabalho de professora de Ensino Fundamental e de Sala de Leitura. Montei minha agenda de forma que pudesse assistir às mesas da Flip que me atraíam pelos temas, mesmo porque não conhecia a maioria dos escritores, nem tinha lido seus livros.
Durante o Fórum das Letras em Ouro Preto, me senti a pior das leitoras, mas respirei aliviada, após a palestra do psicanalista e professor de literatura da Universidade de Paris Pierre Bayard, autor de Como falar dos livros que não lemos, aliás, a última a que assisti. A maioria não tinha lido os livros dos autores convidados, exceto os mediadores. É um assunto delicado e nem todos têm a coragem do palestrante. Bem-humorado, disse que “ninguém deve se envergonhar de não ter lido uma obra ou deixar de falar dela por isso” e que “muita gente tem feridas culturais abertas na infância pela falta de certas leituras”. Como eu, ele tem péssima memória e, como é impossível a idéia de alguém ter lido todos os livros, criou várias classificações para as muitas gradações que há entre ler um livro do começo ao fim e nem tomar conhecimento de que ele existe: os livros que desconhecemos, os folheados, os de que ouvimos falar e os que esquecemos. Confessou aos alunos que não conseguiu dar conta de Ulisses, de James Joyce, porque “livros são um encontro muito pessoal, cada um sabe o melhor momento de apreciá-los”. Eu não consegui ler Orlando, de Virginia Woolf, o livro me espera há vinte e cinco anos na estante. Não fui assistir à peça com a Fernanda Torres, nem assisti ao filme gravado em fita. Tinha mania de querer ler antes de ver. Mudei para não perder aquilo que o tempo não pode recuperar. Para escrever o livro, Bayard fez algumas leituras, mas “a que melhor sintetiza a obra é o personagem bibliotecário de O homem sem qualidades, de Robert Musil. Ele tem diante de si uma infinidade de livros e encontra uma maneira de se orientar por eles. O importante não é conhecer todos os livros, mas saber sua importância para a cultura”. O crítico cultural e escritor Marcelo Coelho foi brilhante e irônico em suas perguntas e ao expor suas idéias, mas aquela manhã era de Bayard. Clique capa, um, dois, três, quatro, cinco e seis para ler o prólogo do livro distribuído na ocasião.
Desta vez não fiz anotações, limitei-me a participar da grande festa, observar o grande palco e ouvir o tilintar da moeda forte.
Veja a cobertura da Oi aqui.
4 comentários:
"Desta vez não fiz anotações, limitei-me a participar da grande festa, observar o grande palco e ouvir o tilintar da moeda forte,"
Quase sempre, viver é mais importante que anotar, mesmo quando a sociedade midiática diz o contrário :-)
Mas fiquei curioso com o que seria o "tilintar da moeda forte"!
Abraços
Fátima,
Também sei que certamente voltarei muitas vezes! Adorei os blogs e já adicionei os três em minha lista de links interessantes. Vi que temos muitas coisas em comum! Fico muito feliz com este espaço de afetos virtuais que a internet nos proporciona!
Grande abraço,
Alessandra Roscoe
Minha querida!!! Sua presença sempre alegra nosso blog. Obrigada pelas palavras de incentivo e carinho.
Beijos
Andrea
Vai saber o que dizer com tanto carinho? Engulo em seco e mastigo sua amizade como doce que deixa estrelas no céu da minha boca.
beijo, beijo
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