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domingo, 30 de setembro de 2007

Bienal do Livro I



Eu e Roger Mello no espaço da FNDE.

Conversar com o sensível escritor e ilustrador foi um dos meus melhores momentos na Bienal. Autografou João por um Fio, Companhia das Letrinhas, para os amigos da escola "com todas as estrelas do mundo".

João, um menino poeta, "costura palavras" e "inventa cantigas". Tece o bordado da vida mesclando sonho e realidade diante do medo das adversidades cotidianas e da dúvida comum a todo ser humano. Leva a vida num fio que é recuperado e (re)construído a cada momento, mesmo porque, adulto ou criança, quem não tem a existência por um fio?

Reparem a capa do livro na minha mão e abaixo!



Para saber mais acessem Capa Dura em Cingapura.

domingo, 23 de setembro de 2007

Simpósio Internacional de Contadores de Histórias II



Ainda ouço os acordes do Grupo Gesta e lembro-me dos trechos de A Pedra do Reino de Ariano Suassuna lidos por Daniele Ramalho. Ponto para o marimbau, instrumento de percussão criado por um dos integrantes.



William Ospina atento aos debatedores Regina Machado, Marcio Vassalo e Pedro Mario López Delgado. Com a apresentação da escritora e contadora de histórias Regina Machado conheci algo mais sobre os griôs e estou certa de que a tradição oral não está superada. Então, busco comover leitores, lendo e contando histórias em voz alta e, como eles, peço "emprestem-me as suas orelhas". Regina lê para "cada criança", a proximidade é necessária para a experiência de encantamento. A tradição oral é uma "constelação de imagens" que, muito além do texto, está no coração do leitor/ouvinte. O conto oral é um passeio sobre o mundo das possibilidades e o caminho adequado para formar leitores porque...
Há um outro jeito de compreender que é achar bonito (Clarice Lispector)

O escritor Márcio Vassalo, autor do livro O Príncipe Sem Sonhos, e profundo conhecedor de Mário Quintana, concorda com William Ospina: "a humanidade prefere a ficção, o fantástico". A capacidade de criar sentidos novos com as palavras e um novo mundo através de uma nova linguagem é um mistério, pois...
O fato é o aspecto secundário da realidade.
Mário Quintana

O contador clássico, ator e docente universitário Pedro Mario López Delgado, cubano e radicado em Cali, Colômbia, considera necessário "o contato com a palavra oral. Na escola, não se prepara para ouvir a palavra, não se permite falar. Atualmente, fala-se com monossílabos e o mundo é solidão." Quem assistiu à sua oficina, A Conexão Criativa Interdisciplinar, ficou maravilhado com o trabalho que ele coordena na Área Artística e Cultural da Universidade San Buenaventura.

Ainda há muito o que escrever sobre o Simpósio, o que demanda tempo. Por enquanto, "emprestem-me seus olhos". Pretendo ser Griô do Século XXI!Continuo em breve.
Estou cansada e feliz com os três dias de Bienal. Muitas compras e poucas palestras. Pensei em acampar por lá. Até...

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Mariana Massarani





Mariana por ela mesma:"Já ilustrei mais de cinquenta livros infantis de diversos autores, além de 6 livros que eu mesma ilustrei e escrevi : Victor e o Jacaré ,1993, Marieta Julieta Raimunda da Selva Amazônica da Silva e Sousa, Leo, o todo poderoso capitão astronauta de Leox, a cidade espacial (2002), Banho! (2006), Adamastor, o pangaré e Aula de surfe (2007). Ilustrei durante 13 anos para o Jornal do Brasil. Com Graça Lima e Roger Mello faço parte da "Capa Dura em Cingapura", uma empresa de ilustração e desenho gráfico."

Veja tudo em Mariana Massarani-Muitos Desenhos

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Palavra Cantada - Eu





EU

Perguntei pra minha mãe: “Mãe, onde é que ocê nasceu?”
Ela então me respondeu que nasceu em Curitiba
Mas que sua mãe que é minha avó
Era filha de um gaúcho que gostava de churrasco
E andava de bombacho e trabalhava no rancho
E um dia bem cedinho vou caçar atrás do morro
Quando ouviu alguém gritando: “Socorro, socorro!”
Era uma voz de mulher
Então o meu bisavô, um gaúcho destemido
Foi correndo, galopando, imaginando o inimigo
E chegando no ranchinho, já entrou de supetão
Derrubando tudo em volta, com o seu facão na mão
Para alívio da donzela, que apontava estupefata,
Para o saco de batata, onde havia uma barata
E ele então se apaixonou
E marcaram casamento com churrasco e chimarrão
E tiveram seus três filhos, minha avó e seus irmãos
E eu fico imaginando, fico mesmo intrigado
Se não fosse uma barata ninguém teria gritado
Meu bisavô nada ouviria e seguiria na caçada
Eu não teria bisavô, bisavó, avô, avó, pai, mãe, não teria nada
Nem sequer existiria

Perguntei para o meu pai: “Pai, onde é que ocê nasceu?”
Ele então me respondeu que nasceu lá em Recife
Mas seu pai que é o meu avô
Era filho de um baiano que viajava no sertão
E vendia coisas como roupa, panela e sabão
E que um dia foi caçado pelo bando do Lampião
Que achavam que ele era da polícia um espião
E se fez a confusão
E amarraram ele num pau pra matar depois do almoço
E ele então desesperado gritava: “Socorro!”
E uma moça apareceu bem no último instante
E gritou pra aquele bando: “Esse rapaz é comerciante!”
E com muita habilidade ela desfez a confusão
E ele então deu um presente, um vestido de algodão
E ela então se apaixonou
Se aquela moça esperta não tivesse ali passado
Ou se não se apaixonasse por aquele condenado
Eu não teria bisavô, nem bisavó, nem avô, nem avó, nem pai pra casar com a minha mãe
Então eu não contaria essa história familiar
Pois eu nem existiria pra poder cantar
Nem pra tocar violão





Do CD Canções Curiosas

Produzido por: Sandra Peres e Paulo Tatit

Nesse CD, dedicado a temas que rondam o imaginário das crianças e dos pré-adolescentes, encontram-se muitos sucessos da Palavra Cantada: "Fome Come", "Criança Não Trabalha", "Rato", "Antigamente" e "Pindorama", esta última uma versão bem-humorada do descobrimento do Brasil. Recebeu Prêmio SHARP1998.

O selo Palavra Cantada foi criado em 1994 por Sandra Peres e Paulo Tatit com o objetivo de produzir uma música infantil moderna que fosse ao mesmo tempo lúdica e poética.

Para saber mais acesse o site Palavra Cantada.

Agora, tente e conte, em versos ou em prosa, a sua história.

domingo, 2 de setembro de 2007

Simpósio Internacional de Contadores de Histórias I




"...un libro es como una partitura, una serie de signos sobre un fondo blanco, y somos nosotros los que ponemos la música."


William Ospina




A partir de hoje, as imagens publicadas não me pertencem, mas a magia e a emoção do momento... Ah, isso ninguém me tira! Tantos impedimentos! Eu estava lá e compartilho, a partir de hoje, textos, livros, comentários, impressões e anotações pessoais.

O escritor, jornalista, poeta, ensaísta, tradutor e pensador colombiano William Ospina abriu a conferência com A Cidade dos Livros. Ele já publicou diversos livros e teve sua novela, Úrsua, indicada como o livro mais importante do ano pelo mestre Gabriel Garcia Márquez.


Participaram da mesa de debates: Marcio Vassallo, Pedro Mario Lopez Delgado e Regina Machado. A mediadora foi Bianca Ramoneda.




A Cidade dos Livros

"Desde a conquista da escrita, poucas coisas modificaram tanto quanto nossa maneira viver, como a popularização dos livros. Na sociedade de consumo a indústria colocou nas mãos de todo o cidadão da classe média, confortos comparáveis somente a que tiveram os imperadores na antiguidade. E é verdade que os automóveis, a refrigeração para os alimentos, os meios de comunicação, a avalanche de informação, os sistemas da provisão de bens ao consumidor, o projeto industrial e o conforto são vantagens notáveis para aqueles que podem ter acesso a elas. Mas poucas coisas foram tão radicalmente inovadoras como ter-se evoluído das bibliotecas medievais restritas, nas quais tinha-se que reter o conhecimento na memória (o livro não podia ser tirado de lá), a menos que fosse o bispo ou o abade, à biblioteca pessoal ou à biblioteca pública próxima e acessível."

William Ospina
Para ler tudo acesse o Blog do Galeno aqui.






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