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quinta-feira, 10 de julho de 2008

Paraty, primeiras histórias




Não poderia deixar de ir à FLIP em Paraty e, antes de começar a tecer comentários sobre as mesas assistidas e palestras da Flipinha, a falar dos “livros que não li”, numa referência ao livro do psicanalista e professor de literatura Pierre Bayard, autor de Como falar dos livros que não lemos, vou mostrar algumas imagens da bela cidade, citar algumas referências históricas e fazer o que mais gosto: contar as histórias que ouvi e vivi.
Enquanto procurava uma fonte para fotografar, perguntei a um jovem se queria ouvir uma história. Desconfiado, se aproximou. O que será que ele pensou? Ao terminar a lenda, ele disse que morava em Paraty desde os nove anos e nunca tinha ouvido falar dela e nem sabia onde ficava a tal fonte.

A noiva de Paraty

Contam que quando se viram, numa bela manhã de inverno, diante da festa da desova dos peixes parati, naquelas águas cristalinas da baía, entenderam que seus destinos estavam irremediavelmente cruzados. Só não imaginavam que fosse daquele jeito.
Resolveram se casar na Igreja de Santa Rita que testemunhara a doçura daquele amor. Marcaram o dia, mas ela não apareceu. Ele esperou, sentado numa pedra, a noiva que não viria. Ela havia morrido inexplicavelmente e, como era o costume da época, foi logo enterrada na mesma igreja. Passou a noite ali mesmo. O sal de suas lágrimas misturava-se ao das águas. Viu uma moça passar e desaparecer no mar. Ela dizia: “Estou com sede, com sede, com sede”.
Esperou o dia amanhecer e pediu desesperadamente que a desenterrassem. Não foi atendido e cavou aflito na esperança de encontrá-la viva. Foi então que ela surgiu com suas mãos voltadas para cima e muito feridas. Havia morrido de sede. Para saciá-la, construiu a fonte que fica ao lado da pedra, onde ele a vira passar e partir definitivamente.




Esta foi a história que ouvi, mas há uma outra versão porque quem conta um conto acrescenta, omite ou inventa um ponto. Certo é que quando cheguei lá, fui logo sentando naquela pedra para descansar. A fonte ou o chafariz estão aí ao lado. Como ainda não sabia da história e pela minha habitual distração, não percebi!


“Em meados do século XIX, um jovem casal apaixonado marcou casamento na igreja Santa Rita. Sem ninguém saber o porquê, a noiva morreu poucas horas antes de ir para o altar.
Dois dias depois, o noivo acorda desesperado, implorando para abrirem o caixão - enterrado na própria igreja - dizendo que a sua amada o estava chamando. Os amigos, achando que ele estava ficando louco, tentaram acalmá-lo, mas não abriram o caixão. Durante muito tempo, pessoas que passaram a noite no largo da igreja Santa Rita, dizem terem visto um fantasma vestido de noiva bebendo água no chafariz localizado em frente à igreja.
Muitos anos depois, quando foram retirar os restos mortais, perceberam que o esqueleto estava virado, significando que a noiva deve ter morrido de sede dentro do caixão. O padre da igreja, para evitar que o fantasma continuasse saindo para beber água, mandou fazer um poço dentro da igreja. O fantasma nunca mais foi visto fora da igreja. O chafariz do largo e o poço da igreja existem e estão no mesmo lugar até hoje.”
Outras lendas e mitos do lugar poderão ser lidos aqui.



Esta que vem caminhando não é a noiva de Paraty. É a Teresa, uma professora que conheci no ônibus. Ele não é o noivo. É um desconhecido que lia um livro e parou para nos observar. Também, fiz tanto barulho para fotografar! Aproveite para observar a maré enchendo e ocupando as ruas da cidade.


A igreja da Santa Rita, foi aberta ao público em 1722, tornando-se a mais antiga igreja de Paraty devido às demolições da Capela de São Roque, das antigas igrejas Matriz e da igreja de Nossa Senhora do Mamanguá. Numa construção anexa à igreja, está o cemitério da Irmandade, construído no século XIX. Existe nesse anexo um poço de água transparente que muitos acreditam ser milagrosa. Assim como todas as igrejas de Paraty, esta possui fachada voltada para o mar. Atualmente a Igreja da Santa Rita vem sendo utilizada para concertos, peças de teatro, exposições e conferências. Nos fundos da igreja está o Museu de Arte Sacra.

Não tive tempo para visitar o museu, o cemitério e verificar a água milagrosa do poço. Bem que gostaria. Não vejo a hora de voltar como turista!

2 comentários:

Suzana Gutierrez disse...

Oi Fátima

Lindas as histórias que guardam os lugares. Paraty é uma cidade que nos prende em cada esquina.
Bom poder conhecer as suas histórias :)

abraço!

Deise disse...

Olá Fátima, simplismente lindo, adoraria ir para Paraty, ainda vou realizar esse sonho. Obrigada por nos compartilhar tudo isso.
Bj

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