Afastei-me do mundo acadêmico há muito tempo. Ao avistar o grande lago, a confusão quis se instalar. De peito estufado e bico levantado, deslizei em suas águas com desembaraço porque sempre estivera ali. Recordei e antevi os próximos mergulhos. Estávamos em sintonia: veteranos e jovens escritores, cineastas, músicos, artistas e público, todos comungavam do mesmo pão, da mesma necessidade: a arte em todas as suas possibilidades de expressão.
A programação era farta e variada. Não foi possível participar da maioria das atividades culturais e literárias paralelas, entre as quais a Via Sacra Poética e o Fórum das Letrinhas,nem visitar as exposições realizadas nas calorosas manhãs. Também não comprei livros porque o desconto para professor não era o usual e não era permitido dividir em infinitas prestações. A frase feita é aplicável à situação: nada é perfeito. Voltei com pedra-sabão e sem livros na mão.
Ouvir os arranjos de Tabajara Belo ao violão no Museu do Oratório e a aula-show "Nas Palavras das Canções" com José Miguel Wisnick e Arthur Nestrovski foram momentos indescritíveis. Definitivamente, não conhecemos a música brasileira de qualidade.
Acompanhar "O Barão das Árvores - Mambembe: Música e Teatro Itinerante" pela Rua Direita ,dançando e cantando, e participar do espetáculo no Largo do Cinema foi alimento para o corpo e para a alma. E o Grupo de Percussão na Praça Tiradentes? Somos essencialmente musicais e precisamos assumir outros papéis para continuar representando o nosso. Somos atores na arte de viver.
Não sei se será possível contar as histórias que ouvi. Por enquanto, ficam guardadas. Preciso, silenciosamente, seguir os passos do processo de criação de cada artista. Cada um tem o seu modo de buscar a palavra, de expressar o seu mundo interior, de re-criar a realidade.
Não há verdades absolutas, apenas a vontade arrebatadora de voltar para esse lugar. Dirijo-me à estação, escolho uma cadeira e olho para o palco. O espetáculo precisa continuar.
No próximo post, divulgo os nomes de todos os participantes das mesas de debates, porém sugiro visita ao site do Fórum das Letras.
Créditos das imagens: Ana Lúcia e Fátima.