Fórum das Letras em Ouro Preto, parceria perfeita!
Leio e releio as anotações feitas no Centro de Convenções da UFOP durante o Fórum das Letras 3ª edição: Escritas Híbridas. De acordo com a receita, bati os ingredientes, mas abusei na dose. Saí hipnotizada com a cidade e o evento.
Visitar Ouro Preto foi um exercício de reencantamento. Fiz uma viagem no tempo e redescobri o lugar, tal qual uma bandeirante solitária que buscava um outro tipo de mina ao encontrar a “Pedra e o Menino”, o Pico Itacolomi.
Nas manhãs, ocupava-me em reconhecer a cidade. Observei sua paisagem natural e a modificada pelo homem. Admirei sua arquitetura colonial e a arte barroca em algumas de suas igrejas. Revivi sua história. Respirei sua religiosidade. Participei de sua intensa atividade cultural. Ouvi suas lendas.
Fiquei numa hospedaria que exalava história, fora arquivo público. Da janela, via as construções populares e a Igreja de Santa Efigênia me atraía; foi no caminho que conheci a Mina Fonte Meu Bem Querer. Pude ver e tocar nos veios de ouro que enriqueceram a nobreza e exploraram o povo. Os sinos da Capela de Padre Faria tocavam, assim como os de outras igrejas anunciando Finados. Há um cemitério em cada igreja e uma forte energia paira sobre elas. Rezei em todas . Assisti à missa na Igreja de N.S. da Conceição distraidamente encostada no túmulo de Antônio Francisco Lisboa, o genial Aleijadinho. Só percebi muito depois. Se isso não tivesse acontecido, todos estranhariam. Sempre tenho algo pitoresco para contar.
Senti muita emoção diante dos restos mortais, recolhidos no exílio, dos inconfidentes e, principalmente, da madeira da forca de Tiradentes, do vazio do túmulo.
Vibrei ao observar onde os negros escondiam ouro nas minas para construírem suas igrejas e defenderem seus interesses. Ah, Chico Rei! Negro bom e valente. Monarca na África, escravo no Brasil, comprou sua liberdade e a de seus súditos. Morreu respeitado.
Procurei Marília de Dirceu do Mirante e da Ponte Antônio Dias. Queria suspirar! O chafariz estava seco! Mas quando cheguei ao Largo de Marília, diante de sua casa, senti-me traída por Tomás Antônio Gonzaga que esqueceu Maria Dorothea e casou-se com a filha de um mercador de escravos em Moçambique. Seus restos estão no museu, unidos na História. O encanto ficou apenas na poesia. Mais uma vez, sonho e realidade se cruzam.
Ouro Preto... Experimentei seu dia-a-dia com todos os sentidos. Cheirei sua terra molhada, pisei no seu antigo calçamento, provei o seu tempero, suei nas íngremes e estreitas ladeiras, haja fôlego, quis me debruçar em suas janelas e abrir suas portas, ouvi o apito do trem a caminho de Mariana e não me importei com o pio da coruja na primeira noite. Fazia ninho para seus belos filhotes. Noutra noite acordei sobressaltada com os gritos de um homem que chamava por vários nomes de mulher. Parecia invadir o local. Pensei tratar-se de um fantasma enamorado de uma das moças que viveu no lugar. Pela manhã o portão estava no chão. Preferi manter o sabor do mistério.
Foi uma revelação. De Ouro Preto ninguém sai o mesmo.
Créditos: Fotografias de Fátima e Ana Lúcia.
6 comentários:
Olá Fátima. Gostei muito do seu blog e gostaria muito de repassar a dica aos professores do Yahoo! Busca Educação interessados em atividades de leitura e escrita na sala de aula. O que acha? Posso republicar também seu slideshare? Temos ainda uma área chamada blogs indicados, seria muito bacana se pudéssemos fazer uma parceria de troca de links. O Curta na Escola também é nosso parceiro. []s renataaq@yahoo.com.br
Renata,
Já enviei e-mail. Aguardo resposta.
Oi Fátima.
Fiquei com "água na boca" por Ouro Preto e pelo encontro que se realizou. Depois quero mais detalhes.
Copiei a sua forma de apresentação das fotos, coloquei no blog do !Ponto do Conto uma apresentação sobre o 20 de novembro, na Lona Cultural Renato Russo.
beijokk
Oi Fatima,
respondendo à sua pergunta: a professora na foto chama-se Carolina é irmã da dona MARIA Celani.
beijokk
Eliana
Posso te linkar ao meu blogue?
Abraços
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