CONCHAS
Hermes Bernardi Jr.
Edelbra
Cresci com cheiro de maresia em
praia de águas mansas. Achava que podia pescar peixinhos com as mãos.
Colecionava conchinhas. Medrosa, aprendi a boiar. Nadar, não, porque mar é para
se respeitar, ouvia de mamãe criada em águas de rio e mar. Um dia soube que ele
havia levado um certo menino valente com nome de profeta.
Do eloquente Hermes, mensageiro
da palavra e guia dos vivos rumo ao mundo dos sonhos, descobri por que guardava
meus segredos e histórias em caixas. Agora, passo a amar as conchas com meus
olhos ainda úmidos de maresia através de suas palavras sensivelmente
construídas. Debruço-me sobre seus papéis rasgados e transformados em pura
Arte. Literatura e Arte se complementam
em CONCHAS, sua primeira história de personagem feminina, a Valentina, filha de pescadores e ouvidora
das histórias contadas pelas conchas.
Menina de valentias e medos com seu “ jeito de viver inventado numa
primeira água do pensamento”. No movimento das ondas, conheceu Diogo, menino
medroso da cidade que veio morar fechado entre janelas e portas de um prédio
contruído onde havia uma palmeira. E este menino bobo soube mostrar-se corajoso
e delicado para entender a dor da amiga e salvá-la do Rei do Mar.
Ponho minhas mãos em concha e
escuto o suave murmurar das águas cristalinas da minha ilha. Apuro os sentidos
e ouço histórias de minha infância. Recupero a memória e começo a escrever as
minhas histórias. Suspiro aliviada na marola
da palavra.
Um comentário:
Que lindo! Fiquei emocionada! Parabéns!
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