Participar de três dias do 12º Seminário FNLIJ e da intensa programação do Salão é para quem tem disposição. Não sei ficar parada e selecionei o que queria assistir.
Saber da Importância da Literatura na Educação de Crianças e Jovens na Coreia do Sul, tema do primeiro dia, e dos resultados alcançados em pouco tempo num país que acredita em ações eficazes de promoção de leitura foi uma experiência ímpar. A Coreia do Sul possui uma Biblioteca Nacional de Literatura Infantil e Juvenil, objetivos definidos, métodos eficientes, eventos importantes, professores e bibliotecários especializados, vários programas de incentivo à leitura.
Por alguns momentos pensei em mudar para lá!
Em outros, indaguei: "Por que em meu país tudo é tão lento?"
Todos temos a resposta!
No entanto, há um diferencial: a família valoriza a educação e cultura de suas crianças e jovens. Os valores são outros.
Todas as apresentações foram primorosas. O representante do consulado citou Avatar, O Senhor dos Anéis, Harry Potter e Steve Jobs para comprovar que "nunca se sabe o que pode ser mudado pela imaginação". In-Ae Kim, representante da seção coreana do KBBY, empolgou ao apresentar os dez métodos eficazes de leitura para as crianças se tornarem mais inteligentes! Suzy Lee, autora dos livros "A Onda" e "Espelho", Cosac Naify, encantou ao explicar que pensa visualmente, não há espaço para o texto e cada leitor tem o seu modo de ler. Seus livros são "livros sobre livros". Usa a parte física do livro como parte da história. Leiam para perceber a fronteira clara entre ilusão e realidade. San Sool Kim, representante da BN da Coréia para Crianças e Jovens, apresentou a comunidade online "Traças de Livros", programa de incentivo à leitura, o Mapa da Aventura na Biblioteca em HQ, distribuido para todo o país, e os cursos de formação continuada para os bibliotecários especializados em literatura infantil e juvenil. Yang Hye Won, ilustradora do livro "Quem vai ficar com o pêssego", Callis, mostrou outros livros ainda não publicados no Brasil e falou sobre o seu processo de criação.
O tema do segundo dia foi "Leitor e Leitura desde o berço". Assisti às apresentações de Cláudia Brandão, da Associação Cultural Quero Ler - RJ e representante da Associação Actions Culturelles Contre les Exclusions et les Ségrégations- ACCES, Paris, de Cláudia Medeiros, assessora técnica na área de Educação Infantil do SESC, de Isis Valéria, Mestre em Editoração e Marketing e membro do conselho diretor da FNLIJ e de Yolanda Reyes, escritora colombiana. Cláudia Brandão falou sobre o desenvolvimento dos bebês com relação aos livros e destacou seu valor terapêutico. Cláudia Medeiros mostrou os espaços de leitura do SESC e outros projetos. Isis Valéria apresentou histórico do livro e dos livros de imagem e de pano no Brasil. Hoje, a maioria é de autores estrangeiros e fez um apelo aos ilustradores e editores brasileiros. Cláudia Morales, editora da Ática, mencionou as dificuldades para publicação desses livros porque são editados na China. Yolanda Reyes conversou sobre A Casa Imaginária: Poética e Política na Primeira Infância e, mais tarde, autografou seu livro, Global.
Como é de costume, o último dia é sempre reservado aos Escritores Indígenas. Mesas-redondas mediadas por Ailton Krenak, Darlene Taukane e Manoel Moura Tukano, entre outros, sobre vozes da cidade, memórias da floresta, educação urbana em contexto de aldeia, a escrita, a história e as trilhas para o futuro. A sabedoria de Manoel Tukano e Marcos Terena sempre me emocionam. Os saraus de poéticas indígenas e a discussão sobre o sagrado foram os pontos altos do encontro. Lamentável a falta de interesse dos brasileiros pela temática indígena.
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