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sexta-feira, 10 de abril de 2009

Da delicadeza




Foi necessário reler “Manual da Delicadeza de A a Z” de Roseana Murray para recuperar o gesto adquirido e perdido pelo homem.


Tenho a alma de pedra bruta, rosnado de bicho em perigo, grito de dor ancestral.
Preciso do silêncio da água nas pedras e no leito para acalmar o peito sempre ansioso.
Não compreendo ato de violência que não seja para a defesa da vida e proteção da cria.
É preciso pacientemente aguardar...
É preciso delicadamente acreditar...



“em coisas simples e limpas,
em coisas essenciais,
amor, amizade, delicadeza,
paz,
e tantas outras palavras,
antigas e urgentes.”

Roseana Murray



É preciso silenciosamente “carregar água na peneira” como disse Manoel de Barros em “Exercícios de ser criança” porque...


“ Será que os despropósitos não são mais carregados de poesia do que o bom senso?”

É preciso fazer “pedra dar flor!”
Manoel de Barros



É preciso recuperar-se da rudeza e escolher a leveza já que ...

“A vida deveria ser uma teia de infinitas delicadezas. Ao invés de uma porta fechada, horizontes, ao invés de um grito, girassóis.” (Roseana Murray)




Então, lembro-me de “Girassóis” de Caio Fernando Abreu, da teimosa e frágil flor quebrando a rotina do paulistano nos Jardins de concreto e indago se não seria possível o retorno de uma vida plena, sossegada e longa como nos velhos tempos. Ah, o girassol...


”como se não suportasse a beleza que ele mesmo engendrou, cai por terra, exausto da própria criação esplêndida. “
Caio Fernando Abreu


Jamais saberemos dos mistérios divinos.
Então, tal qual crianças, escrevemos absurdos para fazer pensar, sorrir, preencher vazios, trançar a teia da vida e do universo.







8 comentários:

Lou Vilela disse...

Fátima,

Delicada a trama engendrada para nos (re)apresentar a leveza essencial ao ser. Que os olhares amadureçam ao ponto de “fazer pedra dar flor!”.

Abraços,
Lou

Mario Aller disse...

Pensamentos para facer pensar, é certo.

Ah, e a min tampouco me gustan as bruxas. Pero dicir que Fátima é coma unha meiga das palabras, sería algo bonito. Así que xa non o repito pois tamén é certo...

Abraços

André Neves disse...

Fatima, delicadeza é ouvir você falar de paz, de calmaria, de conhecimento. Delicadeza é ter você por perto mesmo que virtualmente. Para mim e delicadeza ouvir dizer que levei Remédios aos seus olhos. Bom saber que eles transbordaram em suas cores e criatividade.
Segue a delicadeza do meu abraço no seu coração. André

André Neves disse...
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Tino Freitas disse...

Simplesmente LINDO. Ponto. Feliz Páscoa. Até breve.

Ricardo Martini disse...

Olá Fátima ...

Que os homens insistam em semear a delicadeza, a palavra que constrói e as memórias que nos salvam do tempo ...

Anônimo disse...

Amei!
Affonso Romano tem um livro sobre esse tema: TEMPO DE DELICADEZA, ótimo para refletirmos.
Abraço
Celi Luz

P7 disse...

Pois fazia tempo, Fátima, que não passeava por aqui... o que precisamos mesmo é de uma teia de leituras infinitas e delicadezas ;-)

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