Um professor, uma mulher e uma flor
A Terceira Guerra Mundial, como todos sabem, trouxe o colapso da civilização.Megalópoles, cidades, vilas e aldeias foram destruídas e até mesmo o campo foi devastado pelas granadas atômicas. A maior parte das pessoas morreu e os poucos sobreviventes, aturdidos, perderam os estímulos para a vida e os resquícios da auto-estima. O trabalho foi abandonado, os animais sobreviventes caíram sobre o que restava de alimento e a fome se abateu sobre as ruínas. Pior que isso: sobrava a desilusão e o fim de toda forma de esperança.Um dia, uma jovem, que nunca havia visto uma flor, descobriu a última, que nascera entre os escombros. Encantou-se e buscou cúmplices para descobrirem estratégias para fazê-la sobreviver. Passou por muitos, mas não encontrou ninguém. Quando, desiludida, voltava à sua flor, encontrou um jovem professor que se interessou por sua história.Juntos, foram até a última flor. Com infinita paciência e renovados pela ternura, construíram toscos meios para protegê-la dos resíduos químicos e dos animais famintos. A pequena flor sobreviveu e transformou-se em sementes; ao seu lado, surgiram outras flores e, depois, mais outras. Após algum tempo, um canteiro florido recobria, como uma ilha, o espaço desolado. A jovem fez-se aluna e começou a se interessar por sua aparência e o rapaz assumiu sua missão de mestre e aprendeu a cuidar-se. Construíram um abrigo ao lado do canteiro e, aos poucos, outras pessoas descobriram beleza no singelo espaço. Surgiu uma escola e, de suas aulas, uma vila. Foram criadas novas profissões. A alegria e a esperança voltaram a reinar entre os homens.A cidade foi reconstruída em torno da escola e do canteiro, e as lições e as flores passaram a expressar seus símbolos. Logo, poetas, agricultores, cantores, naturalistas, músicos, mímicos, malabaristas adotaram a cidade. Líderes, também líderes. As pessoas que viviam nas planícies passaram a reclamar direitos sobre as colinas; e os moradores destas, a lutar pela posse da planície. Surgiram guerreiros, sargentos, políticos, lutadores, comandantes e matadores.A guerra tornou-se inevitável e desta vez a destruição nada deixou sobre os escombros.Nada restou, apenas um professor, sua aluna e uma flor.
Esta bela parábola foi adaptada de um monólogo de Bertold Brecht. Ensina que um professor e seus alunos constituem o símbolo da reconstrução e a singela flor da esperança.
Antunes, Celso. Marinheiros e Professores. Editora Vozes.
5 comentários:
Mas é preciso avisar os professores do Maranhão disso. O que mais tem é professor que ao invés de construir, ajuda a destruir o que resta de educação no Estado. Sempre em nome dos baixos salários que aqui nem é tão baixo assim (o terceiro melhor do país - duas vezes maior que em Santa Catarina).
Um abraço!
Cara Fatima :
Bom dia
Não estou conseguindo comentar no seu blog do blig, obrigado pela visita, vou começar a passar por aqui também....
Bjs
Marcos
www.gotasdefel.blig.ig.com.br
Fátima, já avisei lá no Blogstórias. Comentários daqui pra frente só no Tubaranhão Blig. O Tubaranhão Blogspot sofrerá modificações e não será mais apenas uma cópia.
Um abraço!
òtima parábola, com cenário de guerra o povo soube se levantar com sabedoria, refez o mundo, mundo esse desesperançoso.
Goato de vir aqui, legal que conheçeu meu blog.
Greets to the webmaster of this wonderful site. Keep working. Thank you.
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