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sábado, 30 de junho de 2007

Blog ou Laptop




A intenção desse blog sempre foi publicar textos literários porque, como diz Mario Vargas Llosa, é o melhor antídoto contra simplificações e maniqueísmos: "Em literatura, há mais exceções do que regras".
Não resisti e divulgo um artigo que li na revista Época do colunista Ricardo Neves,
autor do livro O Novo Mundo Digital: Você já Está Nele - Oportunidades, Ameaças e as Mudanças Que Estamos Vivendo.
UM BLOG PARA CADA PROFESSOR
O e-mail do leitor Stefanuto Rodrigues me traz suas inquietações: “Tenho lido matérias sobre criatividade, inovação e mudanças no mundo de hoje, mas fico sempre pensando: será que não estamos dando muita atenção a algo que já deveria ser corriqueiro em nossas vidas? Será que, quando observamos as mudanças e falamos delas como fenômenos, não deixamos de participar do que realmente está acontecendo, nos colocando em uma posição de quem vê de fora o ‘problema’, em vez de nos sentirmos parte dele?”.
Stefanuto tem razão. Penso que realmente a maioria das pessoas tende a se colocar fora do “problema”. Porém, além da passividade, existe uma tendência crescente e mundial das pessoas de se sentirem vítimas da realidade. Isso, em minha opinião, é muito mais grave. Abrem-se novas avenidas de transformações todas as vezes que assumimos a ousadia de nos tornar mais co-responsáveis pela solução dos “problemas”, deixando de ser menos passivos e menos autovitimados.
Vejamos o problema da incapacidade da escola em acertar o passo com a absorção do computador e da internet como ferramentas de transformação da qualidade na educação. A digitalização de diversas áreas da atividade humana tem acontecido de forma assombrosa e positiva, mas a escola resiste. Ainda está mais para o tempo da palmatória que para o tempo da internet.
Leia o artigo na íntegra aqui.
Vamos comentar aqui e no blog do Ricardo Neves.

9 comentários:

Sindy disse...

É horrível ter que concordar, mas a escola "ainda está mais para o tempo da palmatória que para o tempo da internet..."
Como é difícil integrar as TICs ao cotidiano escolar!
Abçs
Sintian
http://bloguinfo.blogspot.com

Gládis Leal dos Santos disse...

Por que será que temos que travar essa batalha diariamente nas escolas? Por que os professores resistem tanto a algo que pode melhorar sua prática, aproximá-los dos alunos e tornar mais significativa a prendizagem?

Eu não entendo por que as pessoas assustam-se com as novas idéias. Eu fico assustado com as idéias antigas ." John Cage

Abraços
Gládis
http://gladislsantos.googlepages.com/

Jarbas disse...

Alô, Fátima,

Li o artigo do moço. E ele, como muitos outros, achou o maior culpado pelos fracassos no uso de TIC's no espaço escolar: o professor. Não gosto deste tipo de solução. Professores têm costas largas e o escolanovismo nos acostumou a vê-los como "bandidos" nos scripts sobre os dramas da educação.[Os mocinhos, claro, sempre são os alunos!]. Recentemente escrevi sobre isso para uma entrevista que não será publicada integralmente [jornais e revistas não costumam gastar tinta com matérias que tenham mais de duas páginas]. Minha hipótese é a de cabe maior culpa ao estilo de administração que temos hoje nas escolas. E não me refiro apenas aos modos de administrar de nossos gestores. Há toda uma parafernália organizativa da qual escolas e sistemas não querem abrir mão (hora-aula, carga horária, turmas, classes, laboratórios de informática etc.). Outra coisa que me desagrada nas critica do autor: a história de que os alunos sabem muito mais que os professores. Num certo sentido sabem mesmo, pois nasceram num tempo em que as habilidades de uma nova lógica são testadas em teclados e joysticks de computadores e playstations. Mas esses meninos sabidos não sabem fazer nem arapucas nem bodoques [na idade deles eu sabia...]. Em outras palavras, o ambiente cultural mudou e nossas crias sabem, melhor do que nós, se virar em tal meio. Mas a coisa não é tão fatal assim, mesmo gente da terceira idade como eu pode fazer coisas básicas com computadores. E, num futuro póroximo, se as tendências de maior amigabiliade instrumental continuarem [na linha do que sonha Norman em The Invisible Computer]. Já escrevi demais. Vou encerrar com uma frase de um de meus velhos mestres de Computer Education em 1983, Al Rogers: "para que seja possível um uso adequado de computadores em educação é preciso que os professores tenham a chave do laboratório". Abraço, Jarbas.

Jarbas disse...

Fátima,

Na pressa, acabei deixando uma frase incompleta e alguns erros de digitação sem corrigir. Não preciso cuidar dos últimos, os leitores saberão perdoar minha inabilidade com o teclado. Mas a frase incompleta não pode ficar como está. Vamos pois a ela. Ali na minha primeira mensagem, escrevi:

"E num futuro próximo, se as tendências de maior amigabilidade instrumental continuarem [na linha do que sonha Norman em The Invisible Computer]"...

Falta completar o pensamento. Faço isso agora. Peço ao amável leitor que complemente o que deixei pela metade com o seguinte:

"... ninguém mais precisará se preocupar com truques de como operar a máquina, tudo será intuitivamente claro."

Domínio de truques computacionais sempre me lembram a antológica cena de Mister Spock usando um mouse para dizer -literalmente - ao computador o que deve ser feito. Parece que os gênios do futuro também serão ignorantes se comparados com os espertos usuários jovens de computadores em nossa era.

Abraço,

Jarbas

Jarbas disse...

Oi Fátima,

Vi seus comentários aos meus comentários (feitos aqui) lá no Aprendente. Venho ao seu espaço para continuar a conversa. Falo sobre a chave. Al Rogers, meu primeiro professor de Computer Education usava a frase "o professor deve ter a chave do laboratório" em dois sentidos, literal e metaforicamente. Literalmente, Al, originariamente professor de matemática no ensino fundamental da Califórnia, ficou namorando um lab com 30 Apples IIe (em 1981) fechado. Criou coragem, foi ao diretor da escola e pediu a chave. Começou a fuçar nas máquinas. Pediu auxílio de amigos. Promoveu sessões de laboratório com gentes da comunidade nos sábados. No fim, virou especialista em Computer Education e foi convidado pela universidade para dar aulas mo mestrado (e eu acho que na época Al sequer tinha título de mestre).No sentido metafórico, Al se referia à uma mania já antiga de promover uso de computadores na escola tendo com referência uma pessoa que gerencia o laboratório (a única que tem a chave em vários sentidos). Essa pessoa, no geral, interfere no trabalho do professor e este, sem a chave, não se anima muito a fazer aqueles usos superficiais de computadores em atividades idem de sua disciplina. E pior, o dono da chave, costuma acusar o professor de resistente, tradicionalista e quetais (já vi este filme em muitas escolas particulares e em sistemas públicos de ensino). Pena que não dá para mais desenvolver o tema aqui. Uma última informação. Al Rogers tornou-se um dos mais importantes especialistas em usos educacionais de computadores. Fundou um serviço internacional na área, a Global Schoolnet Foundation que pode ser visto em http://www.gsn.org/about/founders.html . Abraço, Jarbas

Marli Fiorentin disse...

Oi Fátima!

Se nós, professores, formos esperar pelas iniciativas dos governos em prol de nossa formação, vai demorar. Eu trabalho numa escola pública, tenho carga horária cheia, ganho mal como tantos colegas nesse país , mas no entanto tenho uma coleção de blogs. Fui em busca do meu conhecimento e priorizei algumas coisas em detrimento de outras. Mas cada pessoa é uma, diferente da outra. O fato é que nas escolas, em geral, não há abertura nenhuma para formação dos professores, as dificuldades são grandes, falta de tempo , de dinheiro, de motivação, etc, etc. Mas como em toda regra há exceções, alguns de nós estamso tentando a duras penas abrir caminhos. Tomara que a gente tenha fôlego pra aguentar. Quanto ao comentário do professor Jarbas, concordo com ele quando se posiciona contra essa história de que aluno sabe mais que o professor. Cada vez mais o professor será necessário, mas não para passar informações, que pra isso eles se viram e muito bem. A questão é problematizar e mostrar o que fazer com tais informações, saber selecioná-las,refletir. Temos de ser uma bússola nesse vasto mar que é a net.Beijos!

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse...

Você já conheceu Olegária?
Não está perdendo nada, bolas!

Luis disse...

Algumas vezes me pergunto sobre o que estamos falando mesmo?
Ah, a realidade...

Coisa estranha essa. Parece que não conseguimos abrir os olhos.

Jarbas concordo com você, não vou me manifestar muito, por que é a primeira vez que visito o Blog, que por sua sua vez me encantou, muito interessante mesmo parabéns, mas voltando ao assunto, está muito fácil, tem livros e milhares de artigos colocando o professor que não utiliza as TICS, ou Tecnologias Digitais (Hugo Assmann) como atrasado, algumas vezes até como culpado pelo fracasso escolar, mas precisamos ter cautela muitas vezes, aonde estão os medidores que as TICs melhoraram a qualidade do ensino? Apresentem para os demais professores, esse é o caminho para re-encantar todo o corpo docente.
E precisamos ter claro que tipo de mudanças queremos quando falamos em mudar.
"Agora, penso eu, falamos em inserir as TICs na educação, daqui a pouco também iremos er problemas com elas, e estaremos debatendo eles. Sempre surgem novos problemas."
Porém aqui na escola, muitas vezes sentamos e pensamos que caminhos traçar com a informática, não a temos, e nem devemos ter, como solucionadora dos problemas da educação, mas sim como um caminho de possibilidades, a Informática é um caminho recheado de potencialidades.

Precisamos sim, rever nossos paradigmas educacionais, fazer uma leitura da realidade na qual a escola está inserida precisamos contextualizar a informática, cada vez mais.

E, como ficam as questões multiculturais e éticas nesse novo campo que é a informática na educação?

Abração

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