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domingo, 20 de maio de 2007

Ariano Suassuna

O Jornal do Brasil publica hoje entrevista com o escritor Ariano Suassuna. Sua melhor obra, O Romance d'A Pedra do Reino, está sendo adaptado para TV no formato minissérie pela Globo.
Alguns trechos:
"Não sou um defensor da cultura popular. Sou um defensor da cultura brasileira, inclusive da popular. Porque eu não defendo somente os artistas populares. Eu tenho uma admiração enorme pelo Aleijadinho, pelo Villa-Lobos, por Euclides da Cunha, e esses não são artistas populares. Acentuo mais a defesa da cultura popular por ela ser mais abandonada, menos defendida."

"É fácil perceber que existem elementos eruditos na cultura popular e elementos populares na cultura erudita. Pegue a obra de Cervantes, pegue a de Garcia Lorca. Há profunda influência da cultura popular espanhola em Dom Quixote e em O romanceiro gitano, de Lorca. O O romanceiro gitano é uma obra-prima da literatura universal e é fundamentado na poesia popular. Acho que isso é um jogo de influências com grande lucro para ambas."

"Eu me sinto um Dom Quixote sim, mas com muito orgulho, viu? Já fui chamado pejorativamente de "Dom Quixote arcaico", que vive a esgrimir contra os moinhos de vento da globalização (risos). Dom Quixote lutava contra os moinhos porque os via como gigantes. No meu caso, os moinhos de vento existem, sim, e são gigantes mesmo (risos). As pessoas me dizem: "Mas, Ariano, a globalização é um fato consumado!". É aí que assumo uma posição quixotesca. Não me conformo com um fato que considero ruim simplesmente porque está consumado. Enfrento a batalha. Mesmo sabendo que possa sair derrotado. Sei que a voz de um solitário escritor brasileiro não tem importância nenhuma. Mas estou fazendo o meu papel. Se nosso país estivesse pronto, eu até me aquietava. Mas não está, não."
Há outra entrevista publicada na revista Caros Amigos que merece ser lida.
De todas as minisséries apresentadas, só perdi Agosto, do romance de Rubem Fonseca. É sempre melhor ler a obra original para comparar o uso de linguagens tão diversas. Se não for possível, não vejo o menor problema em começar pelas adaptações para TV, cinema, teatro e mesmo para literatura infanto-juvenil como acontece com alguns clássicos da literatura universal. Como o escritor, não me conformo com fatos, nem idéias, consumados. Sou uma professora que continua lutando e acreditando que "se a Educação no Brasil estivesse resolvida, talvez eu me aquietasse, mas não está".
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