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terça-feira, 28 de setembro de 2010

"Livros infantis são poderosos e perigosos"


      Em entrevista publicada pelo Caderno Ilustríssima, o crítico literário Peter Hunt, autor de Crítica, Teoria e Literatura Infantil, lançado  pela Cosac Naify, analisa a explosão do livro para crianças no século XX e problematiza outras questões.
Leia o trecho:
 “...as pessoas estão começando a entender que livros infantis são diferentes de livros adultos e não podem e não deveriam ser julgados segundo os mesmos critérios e ideias. Além disso, livros infantis são poderosos e perigosos, sobretudo porque a ideia de um "cânone", de que alguns livros são "melhores" que outros e que os livros para crianças não são tão bons quanto os clássicos adultos, está desaparecendo.” 


       
 Sobre o futuro do gênero, publicada no Estadão, ele afirma que 
as novas mídias eletrônicas não estão apenas alterando o modo como se conta uma história, mas a própria natureza da história. A internet pode não ter ainda encontrado seu equivalente do romance, contudo alterou drasticamente o modo de leitura das crianças - um tanto fragmentado, cubista, associativo. Antes, só havia a tradição oral e a linguagem escrita. Hoje existe a hipermídia, esse monstro híbrido que subverte a estrutura narrativa.





                                                  

                                                   A boa notícia é que fui sorteada com este livro pelo blog Resumo do Cenário! Peter O'Sagae divulgou o livro e lançou o sorteio neste post. São dez anos do Dobras da Leitura e resolvi participar. Conhecia o livro e só não tinha adquirido porque a minha pilha de teóricos é enorme.  Falta tempo para eles. A vontade era tanta que deu certo. Veja o resultado aqui.

                                                           Ganhei!!! Oba!!!






segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Prêmio Barco a Vapor 2010



      Stella Maris Rezende foi a vencedora da sexta edição do Prêmio Barco a Vapor com o texto A Menina Guardiã dos Segredos de Família.
     Tive a satisfação de ouvi-la na Flipinha 2010 (é a primeira à direita de sua tela) porque é uma "contadeira de histórias" de primeira! É professora, cantora, atriz e escritora. Seu livro mais conhecido é O Último dia de brincar, vencedor do Prêmio Nacional de Literatura Infantil João-de-Barro em 1986 e está entre os melhores livros de Literatura Infantil do Século XX, Programa Nacional Biblioteca na Escola/FNDE/MEC.
      Soube da premiação lendo o essencial Resumo do Cenário.
     Assista ao discurso  da escritora Stella Maris Rezende ao receber o troféu de vencedora da sexta edição do Prêmio Barco a Vapor, Edições SM, no Itaú Cultural, centro de São Paulo.


     





      Vale a pena ver também o vídeo sobre o prêmio no Brasil com depoimentos de vários escritores.





domingo, 5 de setembro de 2010

Prêmio Jabuti 2010



Há alguns dias li no Resumo do Cenário o resultado parcial do Prêmio Jabuti 2010.
A apuração da segunda fase está marcada para 1º de outubro e o prêmio  Livro do Ano sai dia 4 de novembro.
Seguem os dez finalistas nas categorias ilustração de infantil e juvenil, livro infantil e livro juvenil. As demais podem ser conferidas aqui.







        Eu não li todos, comprei alguns para a escola e tenho os meus preferidos. Peter O'Sagae propõe elegermos os nossos.
Quem se atreve? Eu sugiro incluirmos os títulos nas próximas compras do Salão FNLIJ e Bienal do Livro 2011!!!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Se os tubarões fossem homens




"Se os tubarões fossem homens, perguntou ao senhor K. a filha de sua senhoria, eles seriam mais amáveis com os peixinhos? Certamente, disse ele. Se os tubarões fossem homens, construiriam no mar grandes gaiolas para os peixes pequenos, com todo tipo de alimento, tanto animal quanto vegetal. Cuidariam para que as gaiolas tivessem sempre água fresca e tomariam toda espécie de medidas sanitárias.

Se, por exemplo, um peixinho ferisse a barbatana, lhe fariam imediatamente um curativo, para que não morresse antes do tempo. Para que os peixinhos não ficassem melancólicos, haveria grandes festas aquáticas de vez em quando, pois os peixinhos alegres tem melhor sabor do que os tristes. Naturalmente haveria também escolas nas gaiolas. Nessas escolas os peixinhos aprenderiam como nadar para a goela dos tubarões. Precisariam saber geografia, por exemplo, para localizar os grandes tubarões que vagueiam descansadamente pelo mar. O mais importante seria, naturalmente, a formação moral dos peixinhos. Eles seriam informados de que nada existe de mais belo e mais sublime do que um peixinho que se sacrifica contente, e que todos deveriam crer nos tubarões, sobretudo quando dissessem que cuidam de sua felicidade futura. Os peixinhos saberiam que este futuro só estaria assegurado se estudassem docilmente. Acima de tudo, os peixinhos deveriam evitar toda inclinação baixa, materialista, egoísta e marxista, e avisar imediatamente os tubarões, se um deles mostrasse tais tendências. Se os tubarões fossem homens, naturalmente fariam guerras entre si, para conquistar gaiolas e peixinhos estrangeiros. Nessas guerras eles fariam lutar os seus peixinhos, e lhes ensinariam que há uma enorme diferença entre eles e os peixinhos dos outros tubarões. Os peixinhos, iriam proclamar, são notoriamente mudos, mas silenciam em línguas diferentes, e por isso não podem se entender. Cada peixinho que na guerra matasse alguns outros, inimigos, que silenciam em outra língua, seria condecorado com uma pequena medalha de argaço e receberia um título de herói. Se os tubarões fossem homens, naturalmente haveria também arte entre eles. Haveria belos quadros, representando os dentes dos tubarões em cores soberbas, e suas goelas como jardim que se brinca deliciosamente. Os teatros do fundo do mar mostrariam valorosos peixinhos nadando com entusiasmo para as gargantas dos tubarões, e a música seria tão bela, que seus acordes todos os peixinhos, como orquestra na frente, sonhando, embalados, nos pensamentos mais doces, se precipitariam nas gargantas dos tubarões. Também não faltaria uma religião, se os tubarões fossem homens. Ela ensinaria que a verdadeira vida dos peixinhos começa apenas na barriga dos tubarões. Além disso, se os tubarões fossem homens também acabaria a idéia de que os peixinhos são iguais entre si. Alguns deles se tornariam funcionários e seriam colocados acima dos outros. Aqueles ligeiramente maiores poderiam inclusive comer os menores. Isso seria agradável para os tubarões, pois eles teriam com maior freqüência, bocados maiores para comer. E os peixinhos maiores detentores de cargos, cuidariam da ordem entre os peixinhos, tornando-se professores, oficiais, construtores de gaiolas, etc. Em suma, haveria uma civilização no mar, se os tubarões fossem homens."

Bertold Bretch
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