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segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Livro e Internet



Rumos na Rede é o título do projeto lançado pela Moderna para aproximar ficção e ciberespaço.
Os livros da série, A menina da árvore, de Tati Bernardi, O colapso dos bibelôs, da Índigo, e Presas na teia, de Rosana Hermann, abordam temas ligados à vida de adolescentes na rede. O projeto conta com um blog no qual alunos, professores e autores poderão trocar idéias.
Não recebi a coleção, mas achei a idéia da coordenadora do projeto, Maria Luiza Abaurre, muito interessante quando li a entrevista que concedeu ao imperdível Prosa Online. Visitei o blog e vi tudo, inclusive trechos dos livros. Resolvi divulgar antes de tê-los em mãos. Estou bastante curiosa para conferir o projeto gráfico de Ricardo Postacchini que dispôs no papel o visual dos blogs com ilustrações de três blogueiros: Weberson Santiago, Thiago Cruz e Klayton Luz.
Pois é, caros professores, já se foi o tempo em que as editoras nos enviavam livros para apreciá-los! Escola pública, então, nem pensar, professor não adota livro e, atualmente, o governo compra, ainda bem! A dica está aqui, vamos aguardar.

domingo, 19 de outubro de 2008

Vinícius de Moraes, o poetinha

“Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto
Esse eterno levantar-se depois de cada queda
Essa busca de equilíbrio no fio da navalha
Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo
Infantil de ter pequenas coragens.”
Vinícius de Moraes
O haver
Se vivo estivesse, Vinícius de Moraes faria hoje 95 anos. O Poetinha foi um grande poeta porque, segundo seu biógrafo, José Castello, foi um homem que viveu para se ultrapassar e para se desmentir. Para se entregar totalmente e fugir, depois, em definitivo. Para jogar, enfim, com as ilusões e com a credulidade, por saber que a vida nada mais é que uma forma encarnada de ficção. Foi, antes de tudo, um apaixonado. Drummond dizia que ele foi “o único poeta brasileiro que ousou viver sob o signo da paixão. Quer dizer, da poesia em estado natural". Um poeta que teve a coragem de viver como tal, de sondar os mistérios do homem em torno dos temas vida e morte . Há poesia em seus poemas e ouso dizer que é o mais lido e ouvido porque chegou “onde o povo está”.
Fiz minha antologia do Vinícius no site, ainda incompleta, mas você pode ver aqui os primeiros poemas escolhidos.
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Eu sei que vou te amar
Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida, eu vou te amar
Em cada despedida, eu vou te amar
Desesperadamente
Eu sei que vou te amar

E cada verso meu será
Pra te dizer
Que eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida

Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua, eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que esta tua ausência me causou

Eu sei que vou sofrer
A eterna desventura de viver
À espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida


in "Poesia completa e prosa: "Cancioneiro"
Aqui você pôde ouvir Vinícius sem parceiros, mas visite o Digitais para vê-lo cantando e sendo homenageado.

Atualização (20/10/2012): Minha antologia de Vinicius não existe porque o site foi retirado do ar. Resta a vontade de que um dia retorne. Ficou apenas na  lembrança  neste centenário do poetinha.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Fórum das Letras 2008



"Está confirmada a edição 2008 do Fórum das Letras de Ouro Preto. O evento vai acontecer entre os dias 5 e 9 de novembro e vai reunir alguns dos maiores expoentes da literatura contemporânea mundial. Como sempre acontece, um tema central vai guiar as ações previstas. Este ano, o foco será “O Mistério na Literatura”.

Estarão presentes os brasileiros Luiz Ruffato, Moacyr Scliar e Tatiana Salem Levy. Esta última estreou há pouco tempo no cenário literário, com o elogiado A Chave da Casa. O romance arrancou grandes elogios da crítica e ficou entre os 10 finalistas do Prêmio Jabuti deste ano.

E não é só de brasileiros que será feita a programação do encontro literário mineiro. Também passarão por Ouro Preto o português Francisco José Viegas, um dos mestres na literatura noir, o alemão Martin Brock e os americanos Peter Robinson e William Gordon, este casado com a grande escritora chilena Isabel Allende.



O Fórum das Letrinhas, evento literário voltado para o público infanto-juvenil, contará com a participação de aproximadamente 3 mil crianças e está marcado para acontecer entre os dias 5 e 7 de novembro. Durante três dias, diversas ações de incentivo à literatura vão envolver o público infanto-juvenil em um mundo lúdico, permeado pela presença de autores, apresentações teatrais e contações de histórias (trocas literárias).
Confirmaram participação no encontro os escritores Rubem Alves, Léo Cunha, Mário Vale e Thalita Rebouças. Estão previstos debates entre os autores e alunos da rede pública e privada de ensino, com profunda imersão na obra de cada um dos participantes. Para isso, antes do início das palestras, previstas para acontecerem no Teatro Municipal de Ouro Preto, serão realizadas esquetes teatrais baseadas em temas recorrentes nos livros dos autores convidados. O trabalho será promovido por alunos de Artes Cênicas da Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP, instituição promotora do evento, com o objetivo de integrar a literatura ao teatro e despertar a curiosidade dos pequenos leitores para o mágico universo das letras. Esta será apenas uma das iniciativas que diferenciam esta edição do Fórum das Letrinhas das anteriores. Em 2008, o foco central será a inserção da comunidade na literatura, meta reforçada por programas como a Biblioteca da Família, que promete expandir o sucesso alcançado no ano passado; a Troca Literária, que vai promover um intercâmbio de alunos que serão os contadores de histórias para escolas vizinhas; o Doutores da Leitura, adaptação do já conhecido projeto Doutores da Alegria; o Varal da Leitura, que vai levar literatura às feiras de Ouro Preto; e a Oficina de Poesia voltada para crianças."

Para mais informações sobre o evento, acesse o site http://www.forumdasletras.ufop.br/
E para lembrar como foi a 3ª edição, clique aqui.
Saudades de Ouro Preto e de tudo que vivi ao participar deste evento, mas sabem como é salário de professor!

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Discípulos

Dia do Mestre

“São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim; porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem.”
Agostinho da Silva


Ai de mim se não estivesse em busca de outros sonhos que indiretamente se relacionam com o ato de educar. Estava pensando em escrever uma crônica sobre o “Dia do Mestre”, quando me deparei com as idéias do pensador português Agostinho da Silva.
Preciso ler, pesquisar e estudar mais, pensei após assistir a alguns vídeos e ler alguns textos. Certa vez me perguntaram se não tinha mais o que fazer do que ficar escrevendo em blog. Certamente, concluí. Gostaria mesmo é de fazer o que mais gosto: viajar e ler.
Então, indago:” E professor é valorizado financeiramente para fazer escolhas?” Minha viagem é aqui.
George AGOSTINHO Baptista da SILVA nasceu no Porto em 13 de Fevereiro de 1906. Em 1944, emigra para o Brasil, onde se fixa, depois de breves passagens pelo Uruguai e pela Argentina (1945-47). A sua permanência no Brasil aparece ligada a todo um notável conjunto de realizações culturais em sentido amplo, nomeadamente, a fundação do Instituto Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro, da estação ecológica do Parque Itatiaia e a criação pioneira de universidades em zonas afastadas dos grandes centros (Paraíba, Santa Catarina), do Centro Brasileiro de Estudos Portugueses na Universidade de Brasília e do Centro de Estudos Africanos e Orientais, na Baía. Lecionou nas Universidades de Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraíba, Minas Gerais, St. Catarina, Bahia e Brasília.

"Deve-se fazer uma grande diferença entre Instruir e Educar. Instruir é um parente do verbo construir. Nós vamos dando tijolo na medida em que é possível instruir alguma coisa de forma a que ele vá fazendo o edifício à sua vontade. E também não é por acaso que a palavra aluno é uma participação dum verbo que se deixou de empregar e que significa alimentar, o aluno é "aquele que nós alimentamos". A origem da palavra "alimentar" e "aluno" é exactamente a mesma. E o outro é "instruir", educar já tem um elemento que significa conduzir e até reduzir. Quando educamos não estamos a dar tudo para que ele possa construir um edifício a seu gosto, mas a reduzir o que ele era para ele viver na nossa Sociedade. A única é fazer uma outra. Estamos numa Sociedade que tem determinadas características, e evidentemente o que temos que fazer é fazer de tal maneira com que ele não fique um estranho nessa sociedade.”
Agostinho da Silva

Feita a apresentação, vamos ao vídeo escolhido: Agostinho da Silva, Portugal ao encontro do Brasil, um tributo da Companhia de Dança de Lisboa em sua memória, a partir do documentário de João Rodrigo Mattos da Alfândega. Se quiserem, assistam aos outros, talvez compreendam porque é o meu homenageado. Os mais próximos já entenderam. Tenho clara a idéia de que pessoas pensam diferente e que isto é bom se for para o bem, porém muitas se valeram da diferença para eliminar boa parte da humanidade. O inconformismo nos deixa solitários, mas quem não é? Mesmo racionais, ainda não aprendemos a viver com o outro, a compartilhar, a ser, a lutar pela liberdade de expressão.
Ofereço este post a todos os professores do grupo Blogs Educativos que acompanham o meu trabalho e estão sempre prontos a me auxiliarem, àqueles com quem compartilho minhas vitórias e angústias, e à professora portuguesa Teresa Marques, uma lutadora e inconformada como eu.

domingo, 12 de outubro de 2008

Nª Sª da Conceição Aparecida




Tirei estas fotos quando estive em agosto participando da romaria ao Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida em Aparecidada do Norte. Desde sábado compareço aos festejos da igreja próxima à minha casa:coroação, procissão luminosa, missa solene e quermesse. Preciso destes momentos de paz, de luz e de oração para enfrentar as dificuldades diárias e prosseguir com fé e esperança rumo ao PAI.










Romaria
Composição: Renato Teixeira

É de sonho e de pó
O destino de um só
Feito eu perdido
Em pensamentos
Sobre o meu cavalo

É de laço e de nó
De jibeira o jiló
Dessa vida
Cumprida a só

Sou caipira, pirapora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida

O meu pai foi peão
Minha mãe solidão
Meus irmãos
Perderam-se na vida
À custa de aventuras

Descasei, joguei
Investi, desisti
Se há sorte
Eu não sei, nunca vi

Sou caipira, Pirapora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida (2x)

Me disseram, porém
Que eu viesse aqui
Prá pedir de
Romaria e prece
Paz nos desaventos

Como eu não sei rezar
Só queria mostrar
Meu olhar, meu olhar
Meu olhar

Sou caipira, pirapora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida


sábado, 11 de outubro de 2008

Centenário de Cartola



O MUNDO É UM MOINHO
Cartola

Ainda é cedo amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar
Preste atenção querida
Embora saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
E em pouco tempo não serás mais o que és
Ouça-me amor
Preste atenção o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões a pó
Preste atenção querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás a beira do abismo
Abismo que cavastes com teus pés...

Mais uma homenagem, desta vez ao grande compositor Cartola. Bom ter sido reconhecido em vida como nosso maior sambista . Cantou o amor em ritmo de samba como ninguém. No vídeo, o reencontro com seu pai.

"Quem gosta de homenagem póstuma é estátua. Eu quero continuar vivo e brigando pela nossa música. Sinceramente, eu não acreditava que ainda viveria esse tempo de grande justiça que o povo brasileiro – apesar dos pesares - faz à música brasileira" (Cartola, Revista Manchete, 03.12.1977).

Para saber mais sobre o mestre, acesse os sites da TV Cultura e do Centro Cultural Cartola.

E para ver e ouvir um pouquinho mais clique Blogstórias Digitais.

domingo, 5 de outubro de 2008

40 anos sem Lalau



Lançamento da Agir, A Revista do Lalau é um livro de textos inéditos de Sérgio Porto (1923-1968), o inventor da família Ponte Preta, composta por Stanislaw, Tia Zulmira, Primo Altamirando e Rosamundo. O formato é de periódicos dos anos 50 porque ele trabalhou nas revistas O Cruzeiro e Manchete.
Sérgio Porto escreveu sobre cinema e música, foi cronista da noite e de futebol, além de ter trabalhado na televisão e no rádio, e elaborado scripts de shows e composições , como o Samba do Crioulo Doido, uma sátira sobre as dificuldades dos autores de samba-enredo, obrigados a desenvolverem em suas composições temas históricos.
A geração atual não conhece o humor crítico do jornalista que inspirou O Pasquim e a turma do Casseta e Planeta. No livro, "estão reunidas as melhores crônicas publicadas na coluna Episódio da Semana, nos jornais Diário Carioca e Última Hora, a sua visão sobre o jazz no mundo e no Brasil, e suas contundentes e hilárias chicotadas na subserviência cultural do País".
Sempre uso, em minhas aulas, suas crônicas sempre atuais. Neste ano, escolhi Inferno Nacional, publicada no livro Dois amigos e um chato.
Inferno Nacional
A historinha abaixo transcrita surgiu no folclore de Belo Horizonte e foi contada lá, numa versão política. Não é o nosso caso. Vai contada aqui no seu mais puro estilo folclórico, sem maiores rodeios.
Diz que uma vez um camarada que abotoou o paletó. Em vida o falecido foi muito dado à falcatrua, chegou a ser candidato a vereador pelo PTB, foi diretor de instituto de previdência, foi amigo do Tenório, enfim... ao morrer nem conversou: foi direto ao Inferno. Em chegando lá, pediu audiência a Satanás e perguntou:
- Qual é o lance aqui?
Satanás explicou que o inferno estava dividido em diversos departamentos, cada um administrado por um país, mas o falecido não precisava ficar no departamento administrado pelo seu país de origem. Podia ficar no departamento do país quer escolhesse. Ele agradeceu muito e disse a Satanás que ia dar uma voltinha para escolher o seu departamento.
Está claro que saiu do gabinete do Diabo e foi logo para o departamento dos Estados Unidos, achando que lá devia ser mais organizado o inferninho que lhe caberia para toda a eternidade. Entrou no departamento dos Estados Unidos e perguntou como era o regime ali.
- Quinhentas chibatadas pela manhã, depois passar duas horas num forno de duzentos graus. Na parte da tarde: ficar numa geladeira de cem graus abaixo de zero até as três horas, e voltar ao forno de duzentos graus.
O falecido ficou besta e tratou de cair fora, em busca de um departamento menos rigoroso. Esteve no da Rússia, no do Japão, no da França, mas era tudo a mesma coisa. Foi aí que lhe informaram que tudo era igual: a divisão em departamento era apenas para facilitar o serviço no Inferno, mas em todo lugar o regime era o mesmo: quinhentas chibatadas pela manhã, forno de duzentos graus durante o dia e geladeira de cem graus abaixo de zero, pela tarde.
O falecido já caminhava desconsolado por uma rua infernal, quando viu um departamento escrito na porta: Brasil. E notou que a fila à entrada era maior do que a dos outros departamentos. Pensou com suas chaminhas: "Aqui tem peixe por debaixo do angu". Entrou na fila e começou a chatear o camarada da frente, perguntando por que a fila era maior e os enfileirados menos tristes. O camarada da frente fingia que não ouvia, mas ele tanto insistiu que o outro, com medo de chamarem atenção, disse baixinho:
- Fica na moita, e não espalha não. O forno daqui está quebrado e a geladeira anda meio enguiçada. Não dá mais de trinta e cinco graus por dia.
- E as quinhentas chibatadas? - perguntou o falecido.
- Ah... O sujeito desse serviço vem aqui de manhã, assina o ponto e cai fora.

Stanislaw Ponte Preta. Dois amigos e um chato. São Paulo, Moderna, 1986.
A seguir, Samba do crioulo doido:




sábado, 4 de outubro de 2008

E por falar em eleições...



...nada como ler ou reler "Uma História de Rabos Presos" de Ruth Rocha. E nem precisam perguntar o motivo. Simples assim. Não sei por que me olham atravessado toda vez que pergunto se conhecem ou querem contar a história! Considero o livro um clássico da literatura infantil, essencial em toda biblioteca.

Qualquer semelhança não é mera coincidência. Imaginem morar no fiofó do mundo, numa cidade chamada EGOLÂNDIA onde "os vereadores têm rabo preso com o prefeito e dão licença pra ele fazer tudo o que quer..."

E está muito enganado quem pensa que os rabudos querem aproximação dos não rabudos! Quase todos tinham os rabos presos. E olhem que este rabo não dá para ficar escondido por baixo das roupas!

Bem, acho melhor ler a história porque naquela cidade todo mundo percebeu que "tinha que dar um jeito na situação, que as coisas não podiam ficar assim eternamente". Será que o final feliz vai ficar apenas na ficção?

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