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segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Centenário da Morte de Machado de Assis

Cada leitor de Machado de Assis tira do mestre as lições de vida com as quais mais se identifica ou segundo sua personalidade. Leitora desde a adolescência, herdei o pessimismo e o tom crítico diante dos fatos, com uma única diferença, a língua afiadíssima. Machado era silencioso e usou seu olhar para prosear desde jovem, mesmo diante de circunstâncias adversas. Não tenho paciência para escrever, já o disse muitas vezes neste blog. Meus pensamentos vagam desorganizados. Ontem ao deitar-me, sabia exatamente como começar esta crônica para a homenagem póstuma a meu escritor brasileiro preferido. Hoje, não sei mais o que escrever, mas também para quê se ele já disse tudo. Orgulhosa, mostrava minhas obras completas, quero dizer, as suas. Com tantas reedições, pude verificar que estão incompletíssimas. Faltam contos, crônicas, poemas. Isto aqui se presta mais a uma pequena introdução de uma seleção de livros que tenho usado nas escolas onde trabalho. Uma tentativa de mostrar ao adolescente que é possível ler Machado porque seus textos são deliciosos. Quando termino a leitura, eles aplaudem. Nesta idade, gostam muito de biografia, digo que adoram saber da vida dos outros, eles confirmam e vão logo perguntando:” Este escritor é aquele que morreu pagando aluguel?” ou ainda: “Era filho de pintor e lavadeira, gago e epilético?”Como gravam desgraças! Também, é o que vêem nas mídias. Quando citei Dom Casmurro, ficaram interessados na traição de Capitu e logo disseram que vai passar na TV! Só lêem mesmo obrigados, o vocabulário assusta. Preferem que eu leia. Não me incomodo, Daniel Pennac fazia o mesmo com suas turmas noturnas de ensino médio num país de primeiro mundo. Leitura é prazer e tudo tem seu tempo para quem quer e sabe esperar. É preciso dar lugar tanto para a agulha quanto para a linha. Não quero ser “um professor de melancolia para servir de agulha a muita linha ordinária”.
O Baú do Seu Machado, adaptação de Sílvia Eleutério e Márcia Kaskus com ilustrações de Victor Tavares, é destinado ao público infantil, transforma o autor em personagem para dialogar com suas criações.
Histórias do Bruxo do Cosme Velho, da série Literatura em minha casa/2003, uma seleção de cinco contos dentre os quais, Filosofia de um par de botas.
A agulha e a linha -Um Apólogo, organização e comentários de Alberto Guerra, ilustrações de Vitor Costa. O projeto editorial contém mais dois livros: Noite de Almirante e O Corvo, poema de Edgar Allan Poe, para mostrar a excepcional tradução de Machado, em edição bilíngüe.
Contos de Machado de Assis ilustrados por Maurício Veneza, uma seleção de dez contos para arriscar-se, segundo Ivan Marques, a perder todas as ilusões. Traz contos mais conhecidos como Um Apólogo, Conto de Escola, Uns braços, eum que não chegou a ser publicado em livro: A Carteira.
Literatura Brasileira em Quadrinhos: A Cartomante, uma opção da Nona Arte que não substitui a leitura original indispensável à formação do leitor. Outros títulos da coleção: O Enfermeiro, Uns Braços e Causa Secreta.
Almanaque - Machado de Assis, de Luiz Antônio Aguiar, tem "tudo sobre a vida e a obra de Machado de Assis. Ilustrações exclusivas. Álbum de fotos. Frases. Cronologia. Mapa da Obra. Quem é quem dos principais personagens. E mais tudo para facilitar sua iniciação nas bruxarias literárias de Machado de Assis."



sábado, 27 de setembro de 2008

PRÊMIO JABUTI

O Prêmio Jabuti é sem dúvida o mais badalado da literatura brasileira. O resultado saiu nesta semana e um blog de "histórias essenciais" não poderia ficar de fora.
Aos vencedores...



Melhor Livro Infantil
1º Sei por ouvir dizer
Bartolomeu Campos de Queirós
Edelbra

"Uma senhora tem três idades e usa três curiosos pares de óculos. Um garoto encontra os óculos, usa-os, perde-os, e, ao final, descobre os mundos da fantasia e da realidade.
Acompanhe a trajetória dessas duas figuras e descubra o que eles tem de mágico e o que podem lhe dizer sobre sua própria vida."



2º O Menino que vendia palavras
Ignácio de Loyola Brandão
Objetiva

"O protagonista deste livro é um menino que tem muito orgulho de seu pai, um homem culto, inteligente e que conhece as palavras como ninguém. Se os amigos do menino querem saber o significado de alguma palavra, é ao pai dele que sempre recorrem. Quer saber o que é epitélio? Alforje? Lunático? Ele sempre tem uma resposta.
A curiosidade dos amigos é tão grande que o menino
logo percebe: e se começasse a negociar o significado das palavras? Gorgolão? Vale uma fotografia de um navio de guerra. Enfado? Um sorvete de picolé, trazido pelo dono da sorveteria. Pantomima? Um chiclete.
E assim começa seu “negocinho” no bairro, escondido do pai, é claro. O menino, sempre com um humor leve e envolvente, descobre como é importante conhecer as palavras, pois assim ele vai saber conversar, orientar as pessoas, explicar suas idéias e sentimentos, desempenhar melhor suas tarefas, progredir na vida, entender todas as histórias que lê e até mesmo convencer uma menina a namorá-lo! E, assim, vai aprendendo essas e outras lições valiosas e percebendo com seu pai o quanto a leitura é necessária, pois quanto mais palavras você conhece e usa, mais fácil e interessante fica a sua vida.
Para escrever esta história, o jornalista Ignácio de Loyola Brandão inspirou-se em sua própria infância, na cidade de Araraquara, interior de São Paulo, nos anos 40. Seu pai, assim como o pai do personagem do livro, era um apaixonado pelas palavras que conseguiu formar uma biblioteca com mais de 500 volumes. Segundo Ignácio conta, foi o pai quem o incentivou a ler desde que foi alfabetizado. E revela outra verdade: sim, ele chegou a trocar com seus colegas de classe palavras por bolinhas de gude e figurinhas.



3º Zubair e os labirintos
Roger Mello
Companhia das Letras
"Bagdá, abril de 2003. Mísseis atingiam ruas e mercados. Feridos e mortos. A Biblioteca Nacional e a universidade pilhadas. Durante três dias o Museu de Bagdá foi saqueado diante dos olhos das forças americanas e britânicas. Entre os artefatos roubados, relíquias da civilização mesopotâmica de até 7 mil anos de idade, levadas para ser vendidas no m ercado de arte clandestino.
Quando Zubair encontra um objeto em meio aos destroços, depara com enigmas que o conectam à antiga Mesopotâmia, onde surgiram a escrita, o cálculo e o conceito de tempo. Por caminhos tortuosos como labirintos, Zubair alcança o tempo dos sumérios, acádios, assírios e babilônios, povos ancestrais que agora têm seu legado comprometido, como os iraquianos de hoje em meio à guerra.
Atualíssimo, divertido e original, Zubair e os labirintos é uma obra instigante no conteúdo e na forma, apresentando uma narrativa acerca da guerra num livro-brinquedo do qual o leitor participa quase como um personagem."
Melhor Livro Juvenil


1º O barbeiro e o judeu da prestação contra o sargento da motocicleta
Joel Rufino dos Santos
Moderna

"Um morro do Rio de Janeiro, uma barbearia, um sargento de polícia, um vendedor ambulante de origem judaica, uma mulher negociada por dois homens, um embrulho de jornal misterioso. Esta novela -- uma das melhores de Joel Rufino dos Santos -- se passa logo depois da Segunda Guerra Mundial (1939-45). Era uma época de esperança na paz mundial. Ninguém sofreria mais por pertencer a raças diferentes, professar religião diferente, sentir ou pensar diferente. O nazismo fora derrotado. A ditadura brasileira do Estado Novo (1937-45) fora derrotada. A Palestina repartida entre judeus e não-judeus. Era uma esperança. Não era uma realidade. Gente continuou a sofrer pelas mesmas razões de antes. Mas continuou, também, a ter, como sempre, desejo de amar, criar filhos, sonhar com o futuro. Como se dizia antigamente, esta é uma novela de amor, sangue e subversão numa trama diabólica."


2.Tão longe...Tão perto
Silvana de Menezes
"Com sua já reconhecida habilidade para escrever sobre temas atuais e, de uma certa forma polêmicos, Si
lvana nos brinda desta vez com o TÃO LONGE... TÃO PERTO, uma história que narra um encontro mágico entre uma vida que vai e outra que fica.
Destinado ao público infanto-juvenil, este livro transcende a barreira
da idade, uma vez que a autora consegue desenvolver um texto de fácil leitura, com toques de humor e recheado de emoções, tratando de um assunto cada vez mais presente nos dias atuais – O MAL DE ALZHEIMER."

3. Mestres da paixão - Aprendendo com quem ama o que faz
Domingos Pellegrini
Moderna
"Você já teve a sorte de conviver com um professor, um parente ou amigo que tivesse marcado sua vida? Que soube fazer uso da palavra no momento certo para elogiá-lo ou adverti-lo quando necessário e para estimulá-
lo a se envolver de modo apaixonado com seus projetos de vida? Na obra autobiográfica "Mestres da paixão", o autor Domingos Pellegrini relata sua experiência com professores que o ajudaram a compreender o mundo e a si mesmo, sempre intermediado pelo seu amor pela leitura e pelo diálogo. O ser humano é um garimpeiro das palavras. Mas precisa separar as que "podem ser falsas diante da realidade" daquelas que são companheiras preciosas, capazes de iluminar o mundo. Para tanto, devemos aprender a interpretá-las não apenas com a razão, mas também com a
sensibilidade e a paixão."



Melhor Ilustração de Livro Infantil ou Juvenil

1º Toda criança gosta
Mariana Massarani
Manati
"O que nos aproxima, senão nossas afinidades? Quais são os valores universais da infância? Essa foi a pergunta que Bia Hetzel se fez para criar um texto singelo e estimular a imaginação de Mariana Massarani. Ao lembrar do que “toda criança gosta”, de prazeres universais, as autoras criaram mais do que um livro, criaram um extraordinário conjunto de valores capazes de promover a simpatia, a cooperação e a confiança entre as mais diferentes pessoas. Ao perceber afinidades, a criança se reconhece como parte de uma mesma humanidade e abre seu coração ao mundo. Ao se divertir com esse álbum apaixonante, leitores de todas as idades vão sentir a paz e a harmonia entre os homens possíveis, porque elas serão reais em seus corações."
2. João Felizardo - O Rei dos Negócios
Angela Lago
Cosac Naify
"Um clássico. Obra de estréia de Angela-Lago pela Cosac Naify, considerada pela própria autora seu projeto mais maduro. João Felizardo,o rei dos negócios é uma releitura de um conto da cultura oral - dentre as várias versões há uma dos Irmãos Grimm - pelo olhar de uma das autoras contemporâneas mais respeitadas nacional e internacionalmente. Felizardo recebe uma moeda de herança, que troca por um animal, que troca por outro e por outro...
E assim aprende que a felicidade está justamente na brevidade e na simplicidade, que o acúmulo não leva à riqueza, e que o desprendimento e a renovação garantem o ciclo da vida. Um material rico para refletir sobre o valor simbólico dos objetos e até sobre o consumo. Delicado, comovente e, ao mesmo tempo, intenso, é recomendado para pais e professores que buscam passar às crianças uma mensagem de esperança e de felicidade."

3. Poeminha em língua de brincar
Martha Barros
Record

"Manoel de Barros se une à artista plástica Martha Barros, numa dobradinha familiar. É a própria filha do escritor a responsável por transformar seus versos em imagens, levando o trabalho do poeta do pantanal ao público infantil. Uma oportunidade de apresentar às crianças a obra de um dos mais importantes poetas da literatura brasileira contemporânea."(Livraria Travessa)





As sinopses foram retiradas dos sites das editoras ou dos autores.
Assim que sobrar um tempinho, divulgo os vencedores das outras categorias, porém quem estiver muito curioso, procure aqui.

Paul Newman



Quero lembrar-me de Paul Newman nesta cena inesquecível de um dos melhores filmes de todos os tempos: Butch Cassidy and Sundance Kid. A música, Raindrops keep falling on my head, interpretada por B.J. Thomaz, era uma das mais tocadas nos embalos dos anos 70.
Para os menos antigos, Paul Newman e Robert Redford são Butch Cassidy e Sundance Kid, dois dos mais procurados bandidos do Velho Oeste. Cansados de fugir dos melhores policiais colocados para prendê-los, os dois partem para a Bolívia, juntos da linda Etta Place (Katharine Ross), para finalmente terem descanso dessa vida de foras-da-lei. Vencedor de três Oscar, Melhor Roteiro Original, Melhor Fotografia e Melhor Trilha Sonora.
Eu tinha um poster do ator na parede do meu quarto. Aqueles olhos azuis e sorriso arrebatadores e experientes perseguindo uma jovem inexperiente e romântica! Agora devem estar brilhando como estrelas no infinito.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Machado de Assis

Acredito que todos já tenham recebido o informativo da Revista Nova Escola e assistido aos vídeos da exposição do Museu da Língua Portuguesa em São Paulo. Sem problemas! Vale deixá-los registrados aqui. Vadim Nikitin, mestre em Literatura da USP, faz um passeio pela exposição Machado de Assis: mas este capítulo não é sério.
Na primeira parte, Vadim Nikitin dá dicas de como usar o autor de Memórias Póstumas de Brás Cubas em sala de aula. Nesta primeira parte, ele fala sobre a oralidade da obra de Machado, dados biográficos e a importância do Rio de Janeiro na obra do autor.





Na segunda parte, saiba mais sobre a crítica da obra machadiana, como o autor retratou a escravidão e veja páginas originais escritas pelo autor de Memorial de Aires.










quarta-feira, 24 de setembro de 2008

50 anos de Bossa Nova



Chega de Saudade

Composição: Tom Jobim e Vinícius

Vai minha tristeza,
e diz a ela que sem ela não pode ser,
diz-lhe, numa prece
Que ela regresse, porque eu não posso
Mais sofrer.
Chega, de saudade
a realidade,
É que sem ela não há paz,
não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai
Mas se ela voltar, se ela voltar,
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei
Na sua boca,
dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos, e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio de você viver sem mim.
Não quero mais esse negócio de você longe de mim...

Chega de saudade é considerada a canção inaugural da Bossa Nova, um gênero musical criado por um grupo de jovens no final dos anos 60.
Para saber mais acesse os sites Digestivo Cultural, com texto de Roberto Menescal, e Alma Carioca.

sábado, 20 de setembro de 2008

Prêmio Dardos



“Com o Prêmio Dardos se reconhece os valores que cada blogueiro mostra cada dia em seu empenho por transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais etc., que, em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras.”
Seguindo as regras cada ganhador deve fazer o seguinte:
Exibir a imagem do prêmio, como acima
Criar um link para o blog que ofereceu o prêmio
Entregar o prêmio para outros quinze blogs
Laços
Nesta rede tão diversa, vamos criando laços de acordo com as nossas escolhas e afinidades. A blogosfera se ampliou e recebeu democraticamente indivíduos de classes, características, pensamentos e aspirações tão variadas quanto a diversidade do mundo.
Ainda bem que a comunidade blogueira não discrimina ninguém. São todos sempre acolhidos e estimulados ao crescimento individual e coletivo.
Recebi com alegria a indicação da escritora Alessandra Roscoe do Contos, Cantos e Encantos e da professora Gládis Leal dos Santos do Palavra Aberta e tantos outros blogs. Ela já estava na minha lista de premiados, pois sempre valorizou o meu trabalho. Difícil foi escolher, entre as minhas leituras e vínculos formados nesta caminhada especial e prazerosa de três anos, apenas quinze para indicar. Então, resolvi tornar público o meu agradecimento a quem sempre me acompanha, incentiva e pacientemente me ajuda com dicas valiosas, além de indicar também outros pelo trabalho realizado em seus espaços de atuação. Refiz a lista dezenas de vezes. Queria premiar também os sites. Andei dando uma olhada em quem já tinha recebido para dar a oportunidade a outros e fazer um trançado com tantos laços.
Acho que vou criar um prêmio para presentear quem ficou de fora! Ora, ora, nem precisa, são todos os que estão nos meus links do Essenciais e do Digitais.
Muito chato, mas vamos lá:
Leitura e Escrita na Escola, de Fátima Franco
Blogosfera, de Marli Fiorentin
Tempo de Teia, de Teresa Marques
Terça eu conto pra você, de Hermes Bernardi Jr
Roedores de Livros, de Tino Freitas e Ana Paula Bernardes
Ponto do Conto, de Eliana Ribeiro
Notícias e Idéias, de Daniel Munduruku
Gutierrez/Su, de Suzana Gutierrez
Bloguinfo, de Síntian Schmidt
Muitos Desenhos, da Mariana Massarani
Primeiros mil microcontos, do Jarbas Novelino
Miniboletim, do Dudu Azevedo
Pronto, tarefa insana quase concluída. Preciso avisar a todos!

sábado, 13 de setembro de 2008

Fausto Wolff


Acompanhava as crônicas do Fausto Wolff aos domingos no Jornal do Brasil. Embora divergisse em alguns pontos, nutria admiração pelo irreverente escritor e jornalista. Combateu o cinismo dos poderosos e defendeu suas idéias até o fim.

“Com todo mundo saudável, inteligente, culto, com um emprego, um teto, uma roça, acabaríamos com a ansiedade, com a fome e a violência. Temos um país faminto de quase 200 milhões de pessoas. Isto não faz sentido.”

Acompanhem alguns trechos de suas crônicas e sigam os links se quiserem ler na íntegra.
A que mais gosto é a que li no Blog do Galeno porque fala do hábito perdido no Brasil de contar histórias. Na ocasião, enviei um comentário ao Fausto. Nunca ficarei sabendo se ele leu. Só recentemente descobri seu site oficial: O Lobo.
Será que está uivando lá no céu? Tomara!
Fausto Wolff - Querem ouvir uma história?

Quando escrevi meu livro "A milésima segunda noite ou História do mundo para sobreviventes" informei que gostaria que ele fosse lido do princípio ao fim. Enquanto o escrevia, tal qual António Sábato e Julio Cortazar, vivia cercado de fantasmas que queriam dar palpites. Por outro lado, talvez seja melhor que os leitores decidam como lê-lo. Deste modo todos terão seu próprio livro. Cabeça de leitor é singular. Às vezes certas passagens - que o autor sofreu para pôr no papel e que lhe agradam profundamente - passam despercebidas. Outras, para as quais o autor não deu maior atenção, recebem maior atenção e são até
citadas em jornais.
Como Paulo Rónai, amo histórias, principalmente as que me são contadas. Sócrates só acreditava em cultura oral, pois era explícita e contava com o talento do narrador. Achava que uma vez escritas, ficariam à mercê de interpretações medíocres. Felizmente, Platão, aparentemente, estava lá, para tomar nota das palavras do mestre...
Fausto Wolff - A força da verdade

Alugo DVDs e eventualmente encontro filmes bons americanos. A maioria deles, com ajuda do controle remoto, vejo em 15 minutos. Passam-me a impressão de que foram escritos por adultos retardados para crianças psicopatas...Outro dia, porém deparei-me com uma obra de arte: Boa noite, boa sorte, dirigido por George Clooney...

Fausto Wolff - Dinossauros de Gutenberg

Todas as semanas me encontro com alguns amigos dinossauros jornalistas. O objetivo é beber até a morte. Quando a morte não vem, o mais sóbrio carrega os sobreviventes para as respectivas casas. Embora bem-sucedidos, respeitados na sociedade e até queridos por seus subalternos, os outros quatro sentem o mesmo que eu. Uma sensação de que nosso dever não foi cumprido; que, se Deus existir, no dia em que nos apresentar a fatura não teremos como provar que fizemos o humanamente possível. Sonhei que Tupã diria:
- Como humanamente possível? Vocês se destruíram antes de se tornarem humanos. Mataram-se uns aos outros por causa de papel colorido quando ainda estavam em fase de evolução ao humanismo.
Gostaria de poder dizer isso a Lula e seus ministros e líderes, mas eles não ouvem ninguém e estão certos (estarão certos, mesmo?) de que carregam a justiça no bolso. Se me escutassem, gostaria de dizer-lhes que eu e meus amigos jornalistas dinossauros chegamos à conclusão de que se ele e sua equipe houvessem ficado em casa depois da posse; se houvessem colocado um contador em cada órgão e uma comissão policial rotativa para evitar o roubo, estaríamos todos no lucro, até o FMI...
Fausto Wolff - A última crônica

Descobri há pouco que nunca fui alcoólatra. Conheço poucos jornalistas tão responsáveis como eu. Desde os 14 anos a reportagem solicitada estava na hora na mesa de Candiota, mal-humorado secretário de redação do velho Diário de Notícias, um dos primeiros jornais de Chateaubriand. Geralmente, meus textos iam para a "cesta" página, ou seja, onde morrem as ilusões. "Cesta" página ou não, que orgulho ser repórter! Sei que não sou alcoólatra porque passei um ano e meio sem beber, sem sinais de insuportável abstinência. A sobriedade tem seus valores. A vida, porém, tornou-se mais chata e os amigos estão emburrecendo cada vez mais.
Isso é quase um axioma: mulheres, quando se encontram, só falam de homens e mal de outras mulheres. Passei um ano e meio mal-humorado, mas não tive grandes crises, se descontarmos aquela vez em que bati sete vezes com a cabeça contra a parede de cimento. Senti-me um outro homem e as pessoas que passavam pela minha janela, também, diante daquele ser que parecia fazer propaganda para a película A múmia, versão com cheiro.
Os jornalistas mudaram muito. A maioria agora usa saia e quando você lhes pede conselhos dizem coisas como "mas é claro que assim não dá. Teu CTRL não se entende com teu DEL, o que cria sérios problemas de wurtmilsaltrzon para o DESK. Você parece criança". Desliguei e rezei para Santa Monique, a rainha dos renegados. Estou pensando seriamente em voltar para a máquina de escrever...
Para concluir, o cartunista Latuff e o jornalista Mário Augusto Jakobskind apresentam: "O Vietnã de Fausto Wolff". Rodado inteiramente no interior de um boteco no centro do Rio.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Grilos do Chico

Biografia roubada sem culpa.
Pecado autorizado por uma boa causa.
Descobri Chico(Assis Mello) no blog Diversos Afins e encantei-me com seus versos inteligentes, precisos, sensíveis, naturais. Foi o primeiro passo para me envolver nas Coisas do Chico , digo, no seu blog! Embora não conheça suas leituras, fica claro que possui cultura refinada e que compartilha do prazer estético que só a literatura proporciona.
Se fosse ilustradora, faria o Chico caminhando pelo campo sendo atacado pelos seus grilos, sem cara de santo, é claro, pois a sensualidade de seus versos não permitiria. Brincadeiras a parte, poderia usar meia dúzia de palavras conhecidas em análises literárias para resenhar a poesia de Assis Mello. Deixo para os entendidos. Apenas sinto que seu lirismo apurado é telúrico, tem o gosto da terra, a sonoridade dos bichos, as cores das plantas, o cheiro de gente, o movimento das águas. Diria que, mesmo sendo cientista e abominando Descartes, Chico “pensa, logo é poeta”.


(Assis de Mello é zoólogo e docente na UNESP. Escreve um pouco, pinta um pouco e fotografa um pouco. Apesar de ser cientista, passa 50% de seu tempo abominando Descartes e tudo aquilo que é excessivamente racional, pois está convicto de que certa irracionalidade deve trazer felicidade. Como zoólogo, especializou-se no estudo de grilos e insetos afins; ele suspeita que, se não for o maior especialista em grilos, deve ao menos ser o mais completo, uma vez que possui tanto grilos nas gavetas de seu laboratório quanto em sua cachola perturbada, porém lírica).

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Fórum Literatura na Escola

A partir de um documento apresentado pela AEILIJ e da convocação da Câmara Setorial do Livro, Literatura e Leitura, dos Ministérios da Educação e da Cultura, organizados pelo Plano Nacional do Livro e Leitura – PNLL -, cerca de 70 pessoas – especialistas do setor, representantes das cadeias criativa, produtiva e distributiva, representantes de professores e bibliotecários – reuniram-se durante os dias 24 e 25 de julho no auditório do MEC em Brasília, para debater o tema LITERATURA NA ESCOLA.

Contando com a colaboração de experiências do Brasil, da Argentina e do Chile, o programa foi dinâmico e enriquecedor ao proporcionar reflexões e diretrizes importantes para o tema em debate. Certamente, como afirmou a Secretária da Secretaria de Educação Básica, Professora Maria do Pilar Lacerda Almeida e Silva, não ficará apenas circunscrito àquele Fórum, mas será um instrumento importante como subsídio ao desenvolvimento das políticas de leitura do MEC.

Leia na seção de ARTIGOS o texto completo da AEI-LIJ e as RECOMENDAÇÕES do FÓRUM LITERATURA NA ESCOLA.


Realizado dentro dos parâmetros ideais do PNLL – busca do consenso, livre debate, atuação conjunta de todas as cadeias do livro – o Fórum, apesar de não ser uma instância deliberativa, redigiu algumas recomendações que sintetizam as principais conclusões dos dois dias de trabalho.
Solicitei publicação de trechos do artigo à escritora Anna Cláudia Ramos, presidente da associação. Conheçam o site e leiam TODOS os artigos. Reflitam, façam campanha e divulguem. A Literatura, alimento para a alma, agradece!
"..estamos aqui para apresentar algumas propostas que poderão contribuir para um resultado mais efetivo na meta de formação de leitores.
[...]
Já está mais do que na hora de resgatarmos nossa voz, outrora perdida nos bastidores da ditadura, e permitirmos que as histórias ganhem vida e que alunos e professores possam ter sentimentos e sonhos. É preciso resgatar e garantir o espaço da emoção e da opinião dentro da escola.
[...]
A literatura precisa ser tão valorizada quanto qualquer outra disciplina. Por que baniram a literatura das escolas? Será que não era mais útil ter literatura nas escolas? Por que será que isso aconteceu? Será por que a literatura é capaz de fazer as pessoas terem senso crítico e entrarem em contato com os grandes questionamentos humanos? Será que é porque a literatura é capaz de suscitar o sonho, o delírio, o encantamento, o novo? Por que não baniram a matemática? Ou a física? Quem sabe a geografia? Por que logo a literatura? Certamente porque ela é capaz de mexer com nossas emoções mais profundas, e a instituição escolar, por natureza, tem sido ao longo dos séculos um espaço da ordem, do ortodoxo e não do paradoxo."

Acredito que o o sonho é possível. Quero que todos sintam o prazer de ler um livro e que entendam a alegria e o desespero de saber que o Senhor Tempo me aguarda sedento e implacável sem me permitir a leitura de mais um. Oh, só mais aquele ali...E então parto, olhando a pilha que deixei para trás, mas ainda vislumbro uma grande briga pela herança de títulos que acumulei com satisfação. É esta a minha esperança.




terça-feira, 2 de setembro de 2008

Vice-versa



Esta é a logomarca criada pela Associação dos Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil do RS para o lançamento do Vice-Versa.
Recebi a notícia do Hermes Bernardi Jr. e passo adiante.
Vice-versa é uma série de entrevistas muito interessantes com escritores e ilustradores de literatura infanto-juvenil.
Acompanhem, no blog da AEILIJ-RS , Gláucia de Souza entrevistando Caio Ritter e, na AEILIJ-SP, o bate-papo é entre Regina Sormani e Eliana Martins.
É uma boa oportunidade para saber o que os escritores pensam e conhecer seus livros. Conversam sobre o processo de criação de um original, a relação leitor-escritor, literatura para crianças, entre outros assuntos.
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