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quarta-feira, 23 de abril de 2008

Meu primeiro Lobato




O livro foi presente de aniversário da prima-madrinha querida. Foi lido aos nove anos com o encantamento de quem só tinha um outro de contos de fadas ingleses que era lido inúmeras vezes.
Desde aquela época que penso em escrever as minhas memórias. Recordar é tornar a passar pelo coração. Contar e escrever as nossas histórias é um desafio por ser um reencontro com a alegria e a dor. Torna-se um mergulho necessário, pois emergimos revitalizados. Nossas histórias nos pertencem e estão inundadas de sentidos. Experiências, brincadeiras, viagens, festas, sonhos e histórias ouvidas são imagens que podem ser revividas se transformadas em ilustrações ou narrativas. Já perceberam que estamos impregnados de narrativas imagéticas dos nossos ritos de passagem? Comecemos por eles.
E
"para confundir os historiadores, gente muito mexeriqueira", procure "ocultar a idade" e " como bem sei que tudo na vida não passa de mentiras, e sei também que é nas memórias que os homens mentem mais. Logo, tem que mentir com muita manha, para dar a idéia de que está falando a verdade pura". A sugestão do Visconde é começar como As Aventuras de Robinson Crusoé: "Nasci no ano de l632, na cidade de Iorque, filho de gente arranjada..."
Não importa. Como disse Drummond, você vai descobrir que a SUA história é a mais bonita.
Então, escreva as suas memórias porque
"...se gostarem delas muito bem. Se não gostarem pílulas!"

sábado, 19 de abril de 2008

Todo dia é dia de índio?

Há muito mudei minha prática quanto às datas comemorativas. Conto e narro histórias que estão nos meus livros e naqueles que estão no acervo da Sala de Leitura onde trabalho. Indico-os para os professores da escola. As transformações são lentas. Não há aluno leitor sem que o professor o seja. Tive a oportunidade de conversar pela primeira vez com Daniel Munduruku num curso promovido pela SME, mas conhecia seus livros. Também já publiquei aqui sobre alguns deles. Hoje indico a leitura do artigo publicado em seu blog Notícias e Idéias. Leia um trecho:

19 de abril – dia de comemorar o quê?

Hoje é dia do índio. Muitas escolas fizeram atividades para lembrar a existência das populações indígenas em nosso país. Muitas delas fizeram isso pedindo às crianças que desenhassem uma “oca”; outras pediram uma pesquisa sem pé nem cabeça. Algumas adotaram livros falando deles; outras vestiram meninos e meninas de “índio” e os puseram para representar a chegada dos europeus, cantar músicas preconceituosas ou pintaram seu rosto como os apaches americanos.
Certamente algumas ensinaram a coisa certa alertando os estudantes sobre a incoerência que ainda grassa no País a respeito dos povos indígenas. Lembraram as injustiças que se cometeram e se cometem ainda hoje contra aquelas pessoas que apenas desejam viver de modo diferente. Outras contaram histórias antigas para alertar que nosso país tem tradição, tem ancestralidade.
Algum professor ou professora lembrou que já fomos muitos e hoje somos tão poucos e estamos cada vez mais empobrecidos por conta da lógica do consumo, da ganância, da exploração, do capitalismo que continua dando ordens para toda a sociedade. Quem sabe alguém chorou ao lembrar que foi num dia como esse que queimaram o pataxó Galdino num ponto de ônibus de Brasília.
Talvez até alguém lembrou que nenhum governo em toda a história deste país assumiu claramente uma posição a favor dos 230 povos que ainda habitam teimosamente esta nossa terra...

Vale a pena ler o artigo completo do escritor aqui e conhecer suas idéias.

Visitem seu site e conheça seus livros, e a galeria de fotos e histórias.

Biografia:

Daniel Munduruku é formado em filosofia, com licenciatura em Historia e Psicologia, é escritor, mestrando em Antropologia Social (USP) e relações públicas do INBRAPI (Instituto indígena brasileiro da propriedade intelectual).

Foi professor na rede estadual e particular de ensino e atuou como educador social de rua pela Pastoral do Menor em São Paulo, capital.

Professor de mestrado em Educação em Valores Humanos ( Unicapital/SP e Uniube/MG), desenvolve oficinas pedagógicas e culturais para a formação das crianças e dos valores humanos. Esteve na Europa dando conferências sobre a cultura indígena e participando de oficinas culturais.

domingo, 13 de abril de 2008

Campanha da Amizade

Recebi carinhosamente o selo da Sindy e, mesmo em constante briga com o relógio que insiste em andar rápido demais, resolvi repassar porque é mais uma forma de criar e manter vínculos, divulgar blogs interessantes e provocar ciúmes nos amigos não citados. Por isso, vou indicar os dez solicitados e, posteriormente, indicar lá no Blogstórias Digitais, meu bloguinho abandonado,
os outros que gostaria de citar!




Propague essa onda de amizade e participe você também, é uma forma de conhecer, ser conhecida e de presentear os blogs amigos que sempre visitam o seu cantinho.

::INSTRUÇÕES::

Pegue o selo no Gospel Gifs (clique no selo), nomeie 10 blogs amigos e visite cada um deles avisando da nomeação. Se vc foi nomeado por alguém, passe adiante e visite os outros nove blogs que foram nomeados junto com vc.

Ao repassar a campanha, pode copiar o texto acima ou criar o seu próprio texto. O importante é nomear os seus 10 blogs amigos.

Vamos lá!

Blogosfera Marli

Miriam Salles

O !Ponto do Conto

Luiz "Dudu"Azevedo

Roedores de Livros

O Mundo Encantado de Cecília Meireles

Palavra Aberta

Carbono 14

Tempo de Teia

Leitura e Escrita na Escola

Gutierrez/SU


sexta-feira, 11 de abril de 2008

O Universo Machadiano

No centenário da morte de Machado de Assis, pretendo informar sobre a vida e obra de um de nossos maiores escritores, na minha opinião, o melhor.
Para começar a participar do universo machadiano, seu best-seller Dom Casmurro.

Assista ao clipe do livro no LivroClip.

Leia a proposta do site:
"LivroClip
é a moldura digital do livro, incluindo uma animação sobre a obra, trechos, biografia do autor e uma seção especial que transforma o livro em material pedagógico gratuito para uso de professores em salas de aula do ensino fundamental, médio e superior.

O site LivroClip é a construção da primeira "Livropédia brasileira", ou seja, o uso da internet para levar os livros à sala de aula, na forma de animações, dicas de uso e fórum de debates.

Acreditamos que nossa missão é fazer com que toda obra literária seja um instrumento para melhorar a qualidade da educação no Brasil e é nossa tarefa fazer com que escolas, editoras e empresas sejam parceiras dessa iniciativa."

Cadastre-se. Há biografia dos autores, espaço para o professor e ainda dá para concorrer a um livro por semana! E o melhor, a possibilidade de publicar o clipe no blog. Então, vamos assistir?




quarta-feira, 2 de abril de 2008

Alumbramento

Nunca imaginei que aquele autor cujas histórias eu contava e recontava poderia responder ao meu e-mail e, ainda mais, me enviar um de seus inúmeros livros. Quanta gentileza e humildade, atitudes raras nos dias de hoje.


Os contos, adivinhas, quadrinhas eram recontados e ilustrados com graça e sensibilidade pelo mestre Ricardo Azevedo em seus livros Meu Livro de Folclore e Armazém do Folclore, ambos pela Ática.

Contos de tradição oral sempre me atraíram. As compras na Bienal e Salão do Livro eram esperadas com ansiedade. Mostrava, orgulhosa, os títulos adquiridos e ouvia: “Mais folclore, menina?” Os livros já não cabiam na caixa “Histórias de Trancoso”. Fazer o quê se está no sangue a vontade de ouvir, ler e contar histórias? Coisas do meu avô João, um mulato sergipano, nascido antes da libertação oficial, fazendeiro, salineiro, canoeiro, festeiro e contador de histórias. Deslumbrada, pedia sempre para mamãe repetir um conto de enganar a morte que está no livro do Ricardo com o mesmo título; claro que muito mais bem contado por quem respira poesia ao recontar antigas histórias.



Pois é, venci a timidez e escrevi contando sobre os meus subprojetos, fios da grande Teia de Histórias pela conquista de leitores e contadores: um de resgate da tão desvalorizada literatura oral e outro que procura aproximar o leitor de escritores e ilustradores através da leitura das obras e biografia. Falei também dos ouvidos atentos, dos olhares embevecidos, das palmas e do “conta mais uma!” Só não pude ainda mostrar as xilogravuras improvisadas com material de sucata.


Deleitem-se com Contos de bichos do mato. O livro tem 24 narrativas contadas e recontadas pelo povo “acostumado a lutar contra todas as adversidades usando ardis, malandragens e espertezas para sobreviver. Para entendê-las, é necessário lembrar que não é possível exigir que a moral de uma sociedade justa e equilibrada seja a mesma de uma sociedade desigual onde cada um luta por si para vencer a fome, a tirania, a crueldade”.



Seria interessante que lessem também No meio de uma noite escura tem um pé de maravilha!: contos folclóricos de amor e aventura, Ed Ática, e ainda Contos de espanto e alumbramento, Ed. Scipione, todos com ilustrações do autor. Alguns livros pertencem ao acervo do PNBE. Procurem Bazar do Folclore da coleção Literatura em minha casa.



Conheçam o saboroso site do Ricardo Azevedo. É para ser apreciado sem pressa. Degustem entrevistas e matérias publicadas, trechos de livros, sinopses, artigos, ilustrações e muito mais. Sinta o cheiro de maçã! Imagine. Crie. Conte muitas histórias. Alumbre-se!

Recomendo especialmente a leitura dos seguintes artigos:

Ah, não poderia deixar de lembrar que a sabedoria do povo está presente também nas quadrinhas poéticas. Fiquem com esta:

Não é por andar com livros

que a gente vira doutor

as traças vivem com eles

não sabem lê não senhor.


Estou alumbrada! E você?

Um cheiro,

Fátima.


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